MANAUS – O médico e ex-secretário de Saúde do Amazonas Pedro Elias de Souza fez um relato, durante depoimento nesta quarta-feira, 7, da prisão dele na Operação Custo Político, em dezembro de 2017, em São Paulo, e disse que foi “submetido a mais do que humilhação”. E completou: “Eu defino como limite do sofrimento humano”.
Ele disse que foi preso longe da família e não conseguiu contato com ela e nem com amigos para conseguirem um advogado. Depois, afirmou que foi levado à cadeia e submetido a “uma sessão de sofrimento que eu me sentir, sinceramente, um criminoso de guerra, um genocida”.
Disse, ainda, que ficou, primeiro, numa cadeia com 12 pessoas “que pareciam ter saído de um filmem de terror”. Em seguida, foi levado a outro local “que não era imundo, era abjeto. Uma latrina no chão que deveria ter sido limpa pela última vez há uns 15 dias”, e um colchão fétido, que ele não teve coragem de deitar. “Passei duas noites em pé, segurando numa grade”.
Depois, Pedro Elias disse que foi levado a outro presídio e reclamou do transporte: “Aquilo não foi um transporte, foi uma condução como se conduz animal, com todo respeito aos animais. Um carro fechado, com temperatura de uns 45 graus, escuridão absoluta e um indivíduo ao meu lado que pertencia a uma dessas facções. E ele me disse: ‘se você está achando que tá ruim, vai piorar bastante, porque eles vão parar no caminho e vão entrar dois chefes do PCC. A nossa chance de sair daqui vivos é mínima’. Eu disse que não tinha mais muito a perder. A sensação de morte é horrível, porque o sujeito saía a uns 200 quilômetros por hora e eu não sabia por onde estava indo, até que chegou nessa tal Tremembé”.
Por fim, Pedro Elias disse ter saído da cadeia com a sensação de culpa. “Realmente eu saí dali achando que eu era responsável pela morte de alguns milhões de amazonenses. Não possível um tratamento daquele tipo”, disse.