EDITORIAL
MANAUS – A direita no Brasil sempre se deu bem na base da mentira. Quando os militares, em 1964, tomaram de assalto o poder, fecharam o Congresso Nacional e cassaram o mandato de 173 deputados, o fez com base em uma mentira de que o comunismo iria se instalar no país. Hoje, a direita encampa a defesa de criminosos, também com base em mentiras.
A mais nova ação dessa gente é a defesa do deputado Chiquinho Brazão (que foi expulso do União Brasil após ser preso acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco). O PL, do presidente Jair Bolsonaro, liderou uma campanha para que a Câmara dos Deputados liberasse Brazão da prisão. Mas não foi apenas o PL. Dois deputados do Amazonas votaram contra a prisão: Saullo Vianna (União Brasil) e Capitão Alberto Neto (PL).
A direita também lidera, no parlamento e fora dele, uma campanha para livrar da prisão os invasores e depredadores do patrimônio público que promoveram a quebradeira das sedes dos Três Poderes da República no dia 8 de janeiro de 2023. E qual é o argumento? O de que eram pessoas que estavam ali apenas para protestar, e alguns se excederam. Mentira! Eram pessoas que acreditavam na possibilidade de um golpe para impedir que o presidente eleito pelo voto popular governasse.
As investigações estão a mostrar que houve uma articulação no Palácio do Planalto, com a participação do então presidente Jair Bolsonaro, após as eleições de 2022, para tentar impedir a posse de Lula. O desfecho desse processo seria a tomada de poder pelos militares. As mesmas investigações mostram que o golpe não se concretizou porque os comandantes de duas das três Forças Armadas – Exército e Aeronáutica – se recusaram a levar adiante o plano do Planalto.
Portanto, a defesa dos golpistas invasores e vândalos é a defesa de criminosos, que não podem deixar de ser punidos exemplarmente por violarem a Constituição da República e praticarem crimes previstos no Código Penal brasileiro.
Agora, mais uma vez, as vozes da direita se levantam para fazer coro a outro criminoso, o bilionário Elon Musk, que acusa o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de vender a eleição para o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Vender a eleição é um crime contra a democracia brasileira. Atribuir esse crime a alguém que não o cometeu é crime de calúnia, injúria e difamação.
Mas Elon Musk não pratica apenas esses crimes. Ele faz parte de uma articulação maior para desmontar as estruturas democráticas que combatem os crimes cibernéticos praticados por organizações criminosas, muitas delas ligadas à direta, que tem o objetivo de ascender ao poder nos Estados.
A reação de Musk ocorre em um momento que a direita tenta se fortalecer no mundo, depois de derrotas históricas, como a não reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos e de Bolsonaro no Brasil. Ele coloca a rede social Twitter (rebatizada como X) à serviço dessa causa.
Ao usar uma rede social comprada por ele para atacar as instituições brasileiras, Musk elimina qualquer dúvida de que faz parte dessas organizações que praticam crimes na internet ou usam a internet para cometer crimes.
E mais uma vez a direita brasileira se levanta para louvar Elon Musk e tentar livrar de punição todos os condenados por disseminar crimes cibernéticos. Aliás, foi em defesa de condenados por esses crimes que Musk iniciou a série de ataques ao ministro Alexandre de Moraes.