MANAUS – Um dos conceitos mais difundidos na prática de meditação é o flow, descrito na psicologia positiva como um estado mental de concentração total e imersão em uma atividade, caracterizado por uma sensação de prazer e energia.
O termo vem do inglês que traduzido significa “fluir”. No estado de flow, a pessoa fica tão envolvida na atividade que não percebe o tempo passar.
A jornalista e escritora Lúcia Barros, especialista em Ciência da Felicidade e mentora do curso Reprogramação Geral da Presença (RGP), ensina que não é uma questão de destino. É a jornada. “A vida acontece no encontro entre a experiência interna e a externa, um processo de cocriação constante”. Quanto maior a nossa consciência sobre o que se passa dentro de nós, maior é a nossa capacidade de influenciar positivamente o mundo ao nosso redor e de moldar uma realidade que reflita nossos desejos mais profundos.
Por outro lado, quando vivemos no ciclo do esforço inconsciente, afirma – super estressados, ansiosos, com a mente em todos os lugares, menos no aqui e no agora —, criamos um presente fragmentado. “Como podemos entregar excelência em nosso trabalho, nutrir conversas profundas com aqueles que amamos ou desfrutar de um descanso reparador se estamos ausentes de nós mesmos?”
O primeiro passo para quebrar esse ciclo é aumentar a consciência. Isso envolve compreender melhor nossos sentimentos, emoções e sensações físicas, assim como questionar a veracidade dos nossos pensamentos e crenças. Nem tudo o que a mente produz é verdade absoluta. Ao nos tornarmos mais conscientes, somos capazes de enxergar as coisas como realmente são, e não apenas como aparentam ser no calor do momento.
Esse processo de reconexão nos tira do piloto automático e resgata nossa capacidade de escolha. Retomamos a autoria de nossas histórias, alinhando intenção e execução dentro de um ciclo de compromisso consciente. Nesse nível de presença, nos tornamos curadores do nosso tempo e energia, fazendo escolhas mais criteriosas sobre como, onde e com quem investimos nossos recursos emocionais e cognitivos.
É nesse estado que encontramos o flow, um conceito desenvolvido pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, que descreve um estado mental de imersão total e prazerosa em uma atividade. Quando estamos em flow, há harmonia entre corpo, mente e emoções. Os conflitos internos desaparecem, e nos sentimos plenamente absorvidos no momento presente.
O flow não é um privilégio exclusivo de artistas, cientistas ou atletas. Ele está disponível para todos que cultivam a presença plena. Quando definimos metas desafiadoras, mas realistas; fazemos o que amamos; focamos no processo, não apenas no resultado; combatemos a procrastinação e temos objetivos claros, abrimos espaço para que esse estado emergente aconteça.
Nesse estado, a performance atinge seu ápice. Há um encontro perfeito entre nossas habilidades internas e os desafios à nossa frente. Poetas sentem que a poesia se escreve sozinha; músicos percebem que são meros veículos da música; cientistas tornam-se a própria ciência que investigam. Essa fusão de criação e criatividade em movimento revela possibilidades novas e maravilhosas.
A presença plena é o catalisador dessa excelência. Ela nos permite acessar um nível profundo de escuta — o “quarto nível”, onde ouvimos a partir do futuro que desejamos criar. Nesse estado, deixamos de apenas reagir às circunstâncias e passamos a cocriar, com consciência e intenção, um presente de qualidade.
Assim, viver em flow é mais do que uma prática de alto desempenho. É um convite para uma existência mais rica, alinhada e significativa. A jornada, afinal, é o destino.
Então, deixe fluir!
Roseane Mota é jornalista, formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e aluna do programa mentorado Bússola Executiva. É servidora pública do quadro efetivo do Estado e coordenadora de Comunicação na Unidade Gestora de Projetos Especiais - UGPE, do Governo do Amazonas.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.