Descobri a meditação em fevereiro de 2023, quando comecei a praticar com um grupo de colegas do curso de formação para carreira executiva. Nessa fase, começava a aprofundar a minha busca pelo autoconhecimento, iniciada meses antes, na primeira etapa do curso, nas aulas sobre inteligência emocional corporativa.
Confesso que, até aquele momento, para mim, meditação era algo folclórico, uma imagem estereotipada que me remetia à cena do monge budista cabeça raspada, ou a uma pessoa “zen” praticante de yoga.
Na verdade, eu tinha preconceito com qualquer coisa que estivesse relacionada ao tema autoconhecimento. Psicoterapia era coisa de maluco e a expressão auto ajuda me causava aversão, fosse um livro, palestra, frase ou qualquer outra iniciativa do tipo. Uma perda de tempo para uma pessoa forte, que sobreviveu aos obstáculos da vida na cara e coragem.
São muitos os benefícios da meditação, uma prática milenar que proporciona equilíbrio físico, emocional, intelectual e espiritual. Geralmente, está associada às religiões exotéricas, mas o que tenho percebido é que a meditação está no cerne de todas as religiões. Quando oramos e fechamos os olhos para falar com Deus, estamos meditando. Muitas passagens e lições da Bíblia estão na rotina de quem pratica meditação.
O primeiro impacto da meditação em mim foi na qualidade do sono. Vinha de um processo de tratamento para insônia e ainda não conseguia um sono pleno. Seis meses depois, já posso dizer que me sinto curada, pois já consigo relaxar e dormir bem.
Meditar vem do latim meditare, que significa estar em seu centro, desligando-se do exterior e imergindo a sua atenção em si mesmo. Além de remédio para a insônia, como pude comprovar, é um excelente antídoto para o estresse, previne a ansiedade e a depressão e o risco de doença vascular. Pessoas que meditam são pacíficas e de bom relacionamento.
Estudos comprovam que a prática da meditação melhora a memória porque ativa o hipocampo no cérebro, responsável pela conversão de memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Pode, também, ser uma forte aliada da saúde e do bem-estar, já que a prática promove o envolvimento do corpo e da mente.
Mas descobrir a meditação teve um efeito ainda mais transformador e revolucionário em mim. Foi uma virada de chave na minha jornada em busca do autoconhecimento. Me reconectou com a minha essência, o meu elo perdido no tempo.
Tudo o que passei a viver depois da descoberta da meditação foi muito intenso e até mudou minha relação com o tempo.
Eu, raramente, estava cem por cento presente nas minhas interações. Vivia a divagar, remoendo e sofrendo com o que já havia passado ou ansiosa com o futuro para o qual parecia chegar sempre atrasada.
Lembro do Kuca, meu marido, estalando os dedos para que eu acordasse do quase estado de transe em que ficava com o olhar fixo para o vazio. Se me interessasse saber o que ele estava falando, tinha que pedir para que repetisse.
Aprender na meditação a respirar, que a respiração é a âncora para retornar ao tempo presente, sobre liberar o pensamento, sair do automático, não se justificar, viver o momento, me libertou do meu looping temporal.
Hoje, eu faço terapia e estou aprendendo a lidar com as minhas descobertas, com o despertar trazido pelo autoconhecimento e, ainda tenho uma rede de apoio, no grupo com o qual pratico meditação todos os dias.
A meditação me reconectou com o mundo à minha volta, comigo mesma e, de presente, trouxe para o meu convívio diário pessoas maravilhosas que conheci ao longo da jornada. Nem sei dizer o quanto sou grata a elas, em especial, à nossa mentora Aline Machado. Todo dia é um aprendizado novo.
Com toda a certeza, a Roseane que começou a jornada em fevereiro de 2023 é uma mulher muito mais forte, mais consciente de seus atos e mais feliz, porque ela acordou para viver a vida no tempo presente.
Roseane Mota é jornalista, formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e aluna do programa mentorado Bússola Executiva. É servidora pública do quadro efetivo do Estado e coordenadora de Comunicação na Unidade Gestora de Projetos Especiais - UGPE, do Governo do Amazonas.
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