Da Redação
MANAUS – Ricardo Molina, perito criminal contratado pela defesa do cirurgião-dentista Milton César Freire da Silva, afirmou que irá processar os promotores de Justiça José Augusto Taveira Júnior e Armando Gurgel Maia por difamação. Molina também acusou o perito contratado pela acusação, Alberi Espindula, de ter recebido “pacotão” para atuar nos casos Lorena e Flávio.
“Os promotores, nas suas alegações finais, estão usando a técnica vergonhosa da difamação contra mim, dizendo que eu participei em casos que eu não participei, como o caso do Nardoni. Eu nunca participei desse caso. Eles querem denegrir a minha imagem porque, tecnicamente, não têm nada”, disse Molina, em vídeo publicado no perfil dele no Facebook, no domingo, 9.
No mesmo dia, após 50 horas de julgamento, Milton da Silva foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado pelo assassinato da perita da Polícia Civil Lorena Baptista. O crime ocorreu em julho de 2010.
No vídeo, Molina ataca os promotores e afirma que vai “ganhar uma grana em cima” deles. “Eu nunca vi promotor gritar tanto como nesse caso. Eles querem ganhar no grito, bater na mesa, muito valentinhos porque não tem nada. Agora difamação dá processo hein, seu promotor. Eu vou pegar a gravação desse Júri e o senhor vai receber um processo. Eu vou ganhar uma grana em cima do senhor”, afirmou.
Molina disse que em outubro de 2019 participou de reunião com os assistentes de acusação do caso Lorena, entre eles a advogada Catharina Estrella, em que foi convidado para atuar na defesa de Alejandro Valeiko, no Caso Flávio. À época, Alejandro era investigado pela Polícia Civil pelo envolvimento no assassinato do engenheiro, que ocorreu em setembro de 2019.
“Eles me convidaram para uma reunião confusa, cheia de advogados, nunca vi tantos advogados. E nessa reunião foi para falar do caso do Alejandro, aquele enteado do prefeito que ficou em situação complicada, cheia de sangue na camisa, ninguém sabia o que tinha acontecido. Eles queriam me contratar para que eu trabalhasse no caso”, afirmou Molina.
Ricardo Molina alegou que não aceitou atuar no Caso Flávio “pelo mesmo motivo que não aceitou participar do Caso Nardoni” e acusou o perito Alberi Espindula de ter pego “pacotão” para atuar nos dois casos. “O mesmo perito que está fazendo a defesa do Alejandro e a acusação contra o Milton César, adivinhem quem é? É o doutor Alberi Espindula. É o mesmo. Ele pegou o pacotão. A mesma banca o contratou para as duas coisas”, disse.
O perito criminal afirmou que não irá divulgar o teor da reunião por “questões éticas”, mas ressaltou que poderá tomar outra decisão caso continue a ser “atacado” pelos promotores e advogados. “Seria complicado hein. O que se falou naquela reunião eu não vou contar, pelo menos por enquanto. Se não pararem de me atacar pode ser até que eu conte”, afirmou Molina.
“Então, promotores cuidado com o que falam porque eu sei o que está por trás dessa história”, ameaçou Ricardo Molina.
Na manhã desta segunda-feira, 10, em seu perfil pessoal no Facebook, Alberi Espindula lamentou os comentários feitos por Molina, que chamou de “desrespeitosos”, e afirmou que o perito de acusação “não seguiu as fundamentações técnico-científicas que norteiam os procedimentos periciais” no Caso Lorena.
“Lamentavelmente, o professor Dr. Ricardo Molina de Figueiredo produziu um vídeo, publicado em meio eletrônico, fazendo comentários desrespeitosos à minha atuação no caso. No entanto, o seu parecer, em favor do réu/condenado, não seguiu as fundamentações técnico-científicas que norteiam os procedimentos periciais. Além disso, a versão do réu/condenado, corroborada pelo parecerista mencionado, por si só já demonstrava a intenção clara de matar a vítima”, afirmou Espindula.