A cobrança pública do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), ao governador José Melo (PROS) sobre dívidas do Estado com o município mostra que a relação dos dois políticos começa a dar sinais de crise. Não era o que se pensava há dois meses, quando o prefeito chegou a comprar briga com o Judiciário ao ameaçar denunciar os membros do TRE-AM ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) caso houvesse uma ‘sombra’ de suspeita de favorecimento do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, nos julgamentos de processos contra o governador por compra de votos e abuso de poder nas eleições do ano passado. Apesar de ter feito a ameaça em seu perfil pessoal nas redes sociais e até ter levado o assunto às emissoras de rádio, Arthur não recebeu de Melo a gratidão – pública – que esperava. Aliados do prefeito comentaram que essa ‘indiferença’ do governador e os boatos de que ele pode apoiar o vice-governador Henrique Oliveira (SDD) para a Prefeitura de Manaus no ano que vem, fizeram Arthur Virgílio repensar seu incondicional e – até irracional – apoio ao governador no processo envolvendo a prática de crime eleitoral no ano passado, amplamente divulgado em cadeia nacional pelo programa Fantástico.
Liberação condicionada
Ao ser questionado que dívidas eram essas, José Melo deixou claro para Arthur Virgílio que a liberação dos recursos do Estado ao município está condicionada à aprovação da prestação de contas apresentada pela Prefeitura de cada parcela liberada anteriormente. Ou seja, Melo quis mostrar a Arthur que a relação dos dois, nesse processo, é apenas técnica e não política.
Valores acertados
Os valores acertados entre governo e município são de um convênio de R$ 100 milhões, divididos em parcelas, onde a prestação de contas de uma requer a liberação da parcela seguinte. Segundo o governador, faltam R$ 40 milhões a serem pagos em duas parcelas. A última parcela foi aprovada esta semana. Outra situação é o subsídio na passagem do transporte coletivo, que o Estado precisa garantir, de R$ 1,2 milhão ao mês.
Para vereadora
Assessores do vice-governador Henrique Oliveira informaram à coluna que ele fez um convite pessoal para a secretária da Seinfra, Waldívia Alencar, ingressar no Partido Solidariedade e com isso se viabilizar para as próximas eleições a vereadora. Apesar de ter dito a Henrique que vai pensar na proposta, Waldivia já aparenta interesse em se autopromover para a disputa, tanto que criou um perfil público no Facebook e até está pagando patrocínio para aumentar o alcance do potencial eleitorado.
Investigações continuam
Apesar de não fazer alarde, a Polícia Federal no Amazonas continua empenhada em conseguir provas no processo eleitoral movido contra o governador José Melo, nas eleições passadas. Ontem, os agentes federais cumpriram um mandado de busca e apreensão e deteve ex-secretário executivo da Sejus, Carliomar Barros Brandão, major da PM, para prestar esclarecimentos sobre suspeitas de associação com traficantes presos para apoiar a candidatura de Melo no ano passado.
Major penalizado
Carliomar foi exonerado do cargo por José Melo no dia 19 de outubro de 2014, após a divulgação, na propaganda eleitoral de Eduardo Braga e depois replicada na mídia nacional, quando supostamente negociava uma “parceria” com um dos chefes de uma facção criminosa em troca de votos. O major negou a negociação e disse que foi à cadeia para evitar uma rebelião de presos.