Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Com penas que somam 121 anos de prisão e multas que somam R$ 11,5 milhões aplicadas apenas a oito réus, os números da Operação Maus Caminhos, que alcançou a sexta-fase na última terça-feira, 30, com a deflagração da Operação Eminência Parda, mostram um esquema de corrupção de dimensões amazônicas que se instalou no Estado do Amazonas durante anos. Em desvios de dinheiro público, o prejuízo é, até o momento, de R$ 104 milhões. Nenhum centavo desse valor foi devolvido até agora, segundo o MPF.
Entre políticos, empresários e servidores públicos, 65 pessoas respondem a 76 ações penais ajuizadas pelo MPF (Ministério Público Federal) no âmbito da operação. A Maus Caminhos registra quatro sentenças que condenaram oito réus por formação de organização criminosa e peculato e 11 decisões que absolveram denunciados pelos crimes de licitação e peculato.
As penas aplicadas a Mouhamad Moustafá, que o MPF trata como chefe do esquema, somam 48 anos de prisão e as multas alcançam R$ 7 milhões – a metade do patrimônio evoluído entre 2012 e 2015. O médico foi condenado por formação de organização criminosa em maio de 2018 e por superfaturamento de serviços de lavanderia prestados pelas empresas Medimagem, D’Flores e Ita Serviços, cujas sentenças foram proferidas em junho e julho deste ano.
A chefe do núcleo financeiro do grupo criminoso, como define o MPF, Priscila Coutinho, que em maio deste ano fez acordo de delação premiada, acumula penas que somam 36 anos de prisão e multas de R$ 2,6 milhões. A ‘mulher de confiança’ do médico da Maus Caminhos foi condenada em quatro ações penais (as mesmas que Mouhamad) e está sendo monitorada por tornozeleira eletrônica desde dezembro de 2017.
Jennifer Nayiara, chefe do núcleo operacional do grupo, que à época dos crimes atuou como presidente do INC (Instituto Novos Caminhos) – entre 2014 e 2016 -, acumula penas que alcançam 9 anos e 10 meses de prisão e deve pagar multa de aproximadamente R$ 715 mil. De acordo com a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), Jennifer deixou de usar tornozeleira eletrônica em fevereiro deste ano
Com multa de R$ 141 mil, o ex-presidente do INC (entre 2013 e 2014), Paulo Roberto Galácio, foi condenado a 5 anos e 4 meses de prisão em regime semiaberto por superfaturamento em contrato de lavanderia com a empresa Medimagem. Ele cumpre a pena na Casa do Albergado desde novembro de 2018, segundo a Seap.
Entre os empresários condenados estão Alessandro Pacheco, dono da Amazônia Serviços e Comércio Ltda., com pena de 4 anos e 4 meses; Erhard Lange, sócio-proprietário da Ita Serviços Ltda, com pena de 5 anos e 10 meses; Gilberto Aguiar, dono da Medimagem, com pena de 5 anos e 4 meses; e Davi Flores, da D’Flores, com pena de 5 anos e 10 meses.
Investigações
Neste mês, a Maus Caminhos alcançou as fases quinta (Vertex) e sexta (Eminência Parda). No caso da Vertex, o ‘ponto alto da Maus Caminhos’, cuja fase ostensiva foi deflagrada no dia 19 deste mês, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas do senador Omar Aziz em Manaus e Brasília, e prendeu temporariamente nove pessoas, entre elas, os irmãos Amin, Murad e Manssur Aziz. Nejmi Aziz, ex-primeira-dama do Estado, também foi presa e deixou a cadeia na sexta-feira, 2.
A Operação Eminência Parda, deflagrada na última terça-feira, 30, mirou no empresário Zé Lopes, que, segundo a Polícia Federal, “exerce influência sobre determinado tomador de decisões”. As investigações apontam que o pecuarista recebeu, entre março de 2014 e agosto de 2016, aproximadamente R$ 20 milhões. O MPF informou que irá analisar se há elementos suficientes para apresentar ações penais contra os investigados.
Nada devolvido
De acordo com o MPF, o valor dos danos causados pelos crimes identificados na operação, calculados a partir de 72 denúncias ajuizadas até o momento, somam R$ 104.293.301,65, e “não há registro de valor recuperado, pois nenhuma das ações transitou em julgado”.
Será que os réus irão devolver os 140 milhões roubados da saúde pública do Amazonas?
Todos eles são detentores de patrimônios declarados no IR, fora os bens que estão em nome dos laranjas.
Esses facínoras já tiraram a vida de muita gente que faleceram por falta de remédios, cirurgias que deixaram de serem feitas, falta de equipamento médico etc.
Vão todos pro inferno de certeza…