Da Redação
MANAUS – Com pouco mais de um mês de apuração de dados e depoimentos pela CPI da Saúde, a PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal) entram na investigação sobre compra de respiradores pelo Susam (Superintendencia de Saúde do Amazonas) com suspeita de superfaturamento. A CPI já identificou que os aparelhos foram adquiridos em loja de vinho por preços bem acima dos de mercado. A Comissão busca saber quem deu as ordens para o negócio.
Na manhã desta terça-feira, 30, foram cumpridos mandados de prisão temporária contra oito pessoas, além de buscas e apreensões em 14 endereços de pessoas ligadas ao governador do Amazonas Wilson Lima (PSC). Os investigadores apuram a existência de uma organização criminosa que desvia recursos públicos destinados a atender as necessidades da pandemia de Covid-19.
No início de junho a CPI da Saúde revelou que a FJAP, loja de vinhos da qual a Susam comprou os respiradores, adquiriu os equipamentos da empresa Sonoar no dia 8 de abril por R$ 2,48 milhões e os revendeu no mesmo dia ao estado por R$ 2,97 milhões. Em 2h30 entre a compra e a revenda o valor subiu R$ 496 mil.
Em depoimento nesta segunda-feira, 29, o ex-secretário da Saúde Rodrigo Tobias afirmou que era contra a compra de respiradores para tratamento de pacientes com Covid-19, pois, segundo ele, não atendiam os pacientes de UTI, que eram a prioridade no momento. De acordo com Tobias, a iniciativa para a compra dos respiradores partiu da SEA Capital (Secretaria Executiva de Assistência Especializada da Capital), a área técnica da Susam.
As investigações da CPI apontam que a ex-secretária adjunta Dayana Mejia solicitou, no dia 2 de abril, a compra de 28 ventiladores pulmonares com identificação ID-126409. No entanto, no processo de compra dos equipamentos, sem justificativa, houve alteração do modelo para que houvesse a compra de respiradores com identificação ID-120472.
Tobias informou que embora soubesse da compra, não teve acesso ao processo físico pois saiu antes da secretaria, no dia 7 de abril. Os equipamentos foram adquiridos pelo governo no dia 8 de abril.
Nas investigações, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo sustenta que as investigações permitiram, até o momento, “evidenciar que se está diante da atuação de uma verdadeira organização criminosa que, instalada nas estruturas estatais do governo do estado do Amazonas, serve-se da situação de calamidade provocada pela pandemia de Covid-19 para obter ganhos financeiros ilícitos, em prejuízo do erário e do atendimento adequado à saúde da população”.