Já não há mais dúvidas de que o Brasil passa por grave crise econômica, ética e política. Na medida em que avançam as investigações policiais sobre os escândalos de corrupção fica mais perceptível a desintegração do contrato social brasileiro e da própria federação. A maior de todas as crises está na política, onde todos os limites éticos são desrespeitados.
Atualmente, os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados estão sob investigação da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal, mais de duas dezenas de parlamentares, além de vários empresários e altos funcionários públicos, todos acusados de participar de esquemas de corrupção.
Não bastasse esse quadro, o governo federal demonstra total incapacidade de enfrentar e superar a crise econômica que toma conta do país, negando-se a reconhecer erros e relutando em cortar gastos, ministérios e tantas outras regalias absurdas para um país que vive uma fase de apertos financeiros.
Diante desse cenário, é possível tirar lições, aprender com os erros ou adotar práticas diferentes? É possível uma mudança de paradigmas e comportamentos que resguardem as gerações futuras e nos proteja a velhice? Penso verdadeiramente que sim, a sociedade precisa tomar as rédeas dos destinos políticos do país, estados e municípios.
As bases de um novo contrato social não virão de acordos políticos ou de gabinetes, muito menos da crise econômica ou de reforma administrativa. Um novo pacto federativo, um novo contrato entre o poder público e a sociedade brasileira nascerá de uma mudança de postura em relação à ideia de povo, de nação, de país.
As premissas para essa discussão estão aí, para quem quiser busca-las: nas ruas, nos comércios, na mesa de jantar ou nas paradas de ônibus, nas feiras, nos corredores de órgãos públicos. O ensaio geral de que chegou a hora de combater a corrupção, a ineficiência, o desperdício do dinheiro público, a refundação da república, enfim.
Os pilares de uma sociedade fundada na responsabilidade de todos, com sacrifícios de ricos e pobres, cada um colaborando proporcionalmente com o bem comum. Se por um lado é imperiosa a necessidade de distribuir mais renda e incluir mais pessoas, por outro é fundamental devolver ao setor produtivo as condições para gerar empregos.
Ao poder público cabe fazer sua parte, usar bem os recursos dos impostos e dar bom exemplo de responsabilidade fiscal, transparência e ética nas decisões políticas. Há muito por fazer e há muita urgência. Reconhecer os erros é um bom começo e já não é mais uma escolha.