Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – Vinte e um dos 41 integrantes da CMM (Câmara Municipal de Manaus) aproveitaram o período da “janela partidária”, permissão para parlamentares mudarem de partido sem precisar apresentar as justificativas exigidas pela legislação eleitoral e sem risco de perder o mandato por infidelidade, para ingressar em novas siglas partidárias. O prazo de transferência terminou sexta-feira (5).
A movimentação na janela partidária permite se acomodar em grupos que têm candidatura a prefeitura de Manaus, combinada com a escolha do partido mais adequado – de acordo com o potencial de votos do vereador, tempo de TV na propaganda eleitoral e recursos do fundo partidário para financiamento das campanhas.
As mudanças fazem partem de estratégias para evitar o inchaço das siglas partidárias, o que aumenta o risco de vereadores com mandato não se reelegerem ainda que alcancem boa votação. Desde 2020 que a legislação eleitoral acabou com as coligações para as eleições proporcionais, no caso do pleito municipal de 2024, para os cargos de vereadores.
O Avante, partido do prefeito David Almeida, candidato à reeleição, que ganhou e perdeu vereadores na janela partidária fica com a maior bancada na Câmara Municipal de Manaus com 5 cadeiras.
PL (Partido Liberal), União Brasil e MDB (Movimento Democrático Brasileiro) com 4 vereadores, têm as segundas maiores bancadas na CMM (Câmara Municipal de Manaus).
Em 2020 0 MDB, comandado no estado pelo Senador Eduardo Braga, não elegeu vereadores por não atingir votos suficientes para formação de quociente eleitoral mínimo. O candidato mais votado do partido foi Gedeão Amorim, que disputava a reeleição, com 3.966 votos.
O PSB (Partido Socialista Brasileiro) salta de uma para três vagas, com as filiações de Glória Carratte e Elissandro Bessa, que deixou o Solidariedade, envolto em um cabo de guerra pelo domínio municipal do partido, com vistas à composição do arco de alianças para as eleições majoritárias.
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As mudanças mantiveram o equilíbrio de forças entre os grupos políticos do prefeito David Almeida e do governador Wilson Lima (União Brasil), que indicou e apoia o deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil), presidente da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) para a disputa da prefeitura de Manaus.
Os partidos aliançados com David ficaram com 16 vereadores, contra 17 do grupo de Cidade. Mas o prefeito corre risco de continuar perdendo votações importantes no parlamento municipal, pois os demais 8 vereadores são de blocos partidários com candidaturas lançadas e em oposição a David Almeida.
As composições políticas de 2020, quando David Almeida indicou o vice-governador Tadeu de Souza (Avante), apontavam para apoio de Wilson Lima à reeleição de David. Porém, com a entrada de Cidade na disputa, o prefeito sentiu o prejuízo político e passou a colecionar derrotas apertadas em votações na CMM, geralmente por diferença de um voto.
Em 17 de outubro do ano passado, por “distração” da bancada governista, proposta enviada pelo prefeito foi rejeitada e o projeto de lei para aumentar de 20% para 30% o limite autorizado para a abertura de créditos adicionais na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) foi arquivado.
Menos de 30 dias depois, em 8 de novembro do ano passado, pedido de empréstimo para R$ 600 milhões foi negado por 20 votos contra 19. Semana passada houve mais uma derrota, em pedido de urgência a projeto de recomposição salarial de servidores municipais.
Dos 8 vereadores que estão fora da polarização David x Cidade, o PL, que terá o deputado federal Alberto Neto como candidato a prefeito de Manaus, tem quatro vereadores, Marcel Alexandre, Samuel Monteiro, Carpegiane Andrade e Raiff Matos. Em pronunciamentos como pré-candidato, Alberto Neto tem demonstrado que seu principal foco é bater na administração de David Almeida, apontando erros e falhas de gestão.
A Federação PSBD/Cidadania, que terá o deputado federal Amom Mandel tem dois vereadores, William Alemão (Cidadania) e Rosivaldo Cordovil (PSDB), que embora vote com a bancada do governo municipal, optou por não mudar de partido.
Outra Federação, composta por PT (Partido dos Trabalhadores), PV (Partido Verde) e PCdo B (Partido Comunista do Brasil), com candidatura do ex-deputado federal Marcelo Ramos lançada semana passada, tem dois vereadores: Sassá da Construção (PT), ferrenho defensor de David Almeida, e Jaildo Oliveira (PV), oposição ao prefeito.
Confira os 21 vereadores que mudaram de partido no período da janela partidária, entre 7 de março e 5 de abril.
- Alonso Oliveira, saiu do Avante e ingressou no Agir36
- Caio André, saiu do Podemos e ingressou no União Brasil
- Carpegiane Andrade, saiu do Republicanos e ingressou no PL
- Dione Carvalho, estava sem partido e se filiou ao Agir36
- Eduardo Alfaia, saiu do PMN (Mobiliza) e ingressou no Avante
- Elissandro Bessa, saiu do Solidariedade e ingressou no PSB
- Fransuá Matos, saiu do PV e ingressou no PSD (Partido Social Democrático)
- Glória Carratte, saiu do PL e ingressou no PSB
- Isaac Tayah, saiu do DC (Democracia Cristã) e ingressou no MDB
- Jaildo Oliveira, saiu do PCdoB e ingressou no PV
- Jander Lobato, saiu do Republicanos e ingressou no PSD
- Joelson Oliveira, estava sem partido e se filiou ao Avante
- Kennedy Marques, saiu do PMN e ingressou no MDB
- Lissandro Breval, saiu do Avante e ingressou no Progressitas
- Marcel Alexandre, saiu do Avante e ingressou no PL
- Raiff Matos, saiu do DC e ingressou no PL
- Raulzinho, saiu no PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) e ingressou no MDB
- Roberto Sabino, estava sem partido e se filiou ao Republicanos
- Rodrigo Guedes, saiu do Podemos e ingressou no Progressistas
- Rosinaldo Bual, saiu do PMN e ingressou no Agir36
- Thaysa Lippy, saiu do Progressistas e ingressou no PRD (Partido Renovação Democrática)