Marina Silva teve a coragem de dizer a verdade ou pelo menos o que pensa ser a verdade sobre a BR-319. Pela primeira fez ela diz em público aquilo que talvez só dissesse entre os ambientalistas. A BR-319, até agora, não convenceu a respeito da viabilidade econômica, social e ambiental. Gostemos ou não, o fato é que Marina reacende um debate que há muito fora colocado para debaixo do tapete. Afinal, a BR-319 tem viabilidade econômica? O que levou a velha estrada pavimentada construída pelos militares se transformar em barro e lama? Qual é o custo de manutenção da rodovia depois de asfaltada e quem vai bancar? Até aqui a discussão em torno da BR-319 era superficial: de um lado, o Ministério dos Transportes acusava o Ministério do Meio Ambiente de emperrar o processo de liberação e de outro o discurso técnico do Ministério do Meio Ambiente, sem revelar os verdadeiros motivos para a não liberação. O que pensam os empresários e os políticos a respeito da matéria? Eles têm informações suficientes para promover um debate sem paixões? O problema é que Marina disse o que pensa sobre a rodovia em plena tensão eleitoral. Certamente no Amazonas não haverá discussão séria sobre o problema até o fim do processo eleitoral e os adversários vão usar politicamente o discurso de Marina sobre a BR-319.
Velho Sarafa, o patriarca
O ex-prefeito de Manaus e presidente de honra do PSB no Amazonas, Serafim Corrêa, ficou ligeiramente constrangido quando a candidata à Presidência da República, Marina Silva, o chamou de patriarca. No momento em que cumprimentava os presentes ao evento com ambientalistas, no Museu da Amazônia, a Marina soltou: “Quero cumprimentar o nosso patriarca”. A plateia riu, mas ela manteve a o termo e chegou repetir o termo patriarca e cunhou outro termo para se referir ao ex-prefeito: “velho Sarafa”. “Todas as vezes em que o Serafim foi candidato a prefeito de Manaus, eu apoiei o velho Sarafa”, dissse.
Ataques dos adversários
Ao dizer que vai trabalhar em cima de propostas e não tentar destruir a candidatura dos adversários, como eles vêm fazendo com ela, Marina Silva afirmou que “o nosso objetivo não destruir a Dilma e o PT; nosso objetivo não é destruir o PSDB e o governador Aécio. Nosso objetivo é tão somente constituir um novo padrão para a política e um novo padrão para o nosso modelo de desenvolvimento”. O recado aos adversários é uma estratégia de minar as críticas que se acirraram contra Marina nesta fase da campanha em que Aécio ainda sonha em ir para o segundo turno e Dilma tenta enfraquecer a adversária para chegar no segundo turno com ar de vencedora.
Preservação das florestas
Marina Silva disse, em evento com ambientalistas, que a presidente Dilma Rousseff se recusou a assinar a Declaração Mundial de Proteção das Florestas, que será subscrita por dezenas de países nesta segunda-feira, durante assembleia-geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. Segundo ela, países “mega-florestais”, como é o caso da Indonésia, assinaram a declaração. “O Brasil é um país mega-florestal. Não tem sentido o governo brasileiro não dá a sua assinatura e o seu compromisso de que irá preservar as nossas florestas”.
Uma negra no palácio
Marina Silva, como os demais candidatos, fala como se sua eleição estivesse garantida. Durante o discurso para ambientalistas, ela falava sobre o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, lembrou que quado esteve em Manaus com Eduardo Campos, antes da campanha, chegou a compará-lo com o Solimões e ela com o Rio Negro. “Eu fiz uma brincadeira com ele, dizendo que o nosso encontro era como se fossem as águas barrentas e até claras do Solimões e as águas negras do Rio Negro, simbolizada na minha pessoa, que tenho dito, serei a primeira mulher negra presidente da República”.