A cidade de Manaus completa 350 anos neste dia 24 de outubro. É a capital do Amazonas, maior estado do Brasil. Fica localizada à margem esquerda do Rio Negro. A origem da cidade remonta à presença dos portugueses que construíram o Forte de São José da Barra do Rio Negro, em 1669. E o nome da cidade vem do povo indígena Manaós, que habitavam no entorno.
Manaus é a 7ª maior cidade do país, com 2.150.000 habitantes. Uma cidade que cresceu de forma desorientada, sem planejamento. Muitos bairros surgiram pelas ocupações irregulares, o que ocorre até os dias atuais.
A cidade cresceu muito com as migrações. A Zona Franca de Manaus, implantada em 1967, atraiu milhares de pessoas em busca de emprego no comércio e no Pólo Industrial. Esta migração do interior e de outros estados continua até hoje.
É uma cidade com enorme déficit de saneamento e de habitação. Apesar de estar localizado defronte de um dos maiores rios do mundo, ainda falta água tratada para uma parte da população. Todos os igarapés estão contaminados em virtude da poluição, da falta de coleta e tratamento de esgoto. Manaus está entre as 20 piores cidades do Brasil em saneamento básico.
Manaus precisa de uma política de habitação. Falta moradia para 129 mil famílias, segundo o IBGE. São 500 mil pessoas sem casa própria, morando em áreas de risco, em barrancos, em ocupações e muitos morando de aluguel, mas desempregados.
A cidade já foi sede da Copa do Mundo. Construíram a Arena da Amazônia. Mas não investiram no sistema de mobilidade urbana. Aumenta o número de veículos todos os anos, porém, há três gestões municipais que não se realizam intervenções significativas no sistema viária, no trânsito e no transporte público coletivo.
Aliás, é uma vergonha a situação do transporte público em Manaus. Nos últimos nove anos, reduziu-se a frota operante, enquanto a população cresceu 25%. Todo dia o que se vê nas ruas da capital são ônibus velhos “pifando” nas ruas, sem manutenção. Da frota atual, 96% têm mais de seis anos e 20% mais de dez. O transporte é inseguro, caro e sem qualidade. O povo merece algo melhor.
Manaus deveria ser a cidade mais arborizada do Brasil. Mas não é isso que acontece. Árvores são derrubadas pelo vandalismo ou pelo descaso público. Praças que não recebem cuidados adequados, privam a população de ter mais sombra, beleza e qualidade de vida.
A impressão é que falta amor à cidade e ao seu povo. Menos de 50% da cidade têm cobertura da atenção básica na saúde, e um terço das escolas são prédios e casas alugadas, funcionando precariamente. Não constroem escolas e unidades de saúde.
Manaus tem festas populares e folclóricas. O povo gosta. O povo é criativo. Mas ainda se gasta muito com eventos que não valorizam a cultura local e indígena. Dívida esta com a juventude, com os povos indígenas.
São mais de 30 mil indígenas de dezenas de etnias diferentes morando em Manaus. Uma grande riqueza cultural. No entanto, os governantes estão de costas para essa situação e oportunidade. Saúde, Educação, Renda, cultura, lazer e oportunidades também são direitos desses povos.
O mundo quer conhecer o Amazonas e Manaus. Conhecer o povo, a fauna, a flora, as florestas, os rios, os animais, a natureza. Mas não temos um aquário que mostre a grande variedade de peixes. O turismo é uma vocação natural que precisa de atenção urgente.
Manaus é bela, com povo belo e de muita luta, com suas origens indígenas, nordestinas, brasileira e de estrangeiros. Todos estão aqui. Todas as religiões e religiosidades. Todos são bem recebidos. O povo acolhe, o povo vibra.
Parabéns Manaus!
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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