Da Redação
MANAUS – O presidente da Amazon (Associação dos Magistrados do Amazonas), juiz Cássio Borges, convocou a imprensa, na tarde desta sexta-feira, 14, para informar o seu ressentimento com a atitude do presidente do TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas), desembargador Yedo Simões, que segundo ele o chamou de mentiroso em reunião pela manhã. Os insultos foram recíprocos.
Durante reunião para tratar da migração da folha de aposentados e pensionistas do Judiciário para a Amazonprev (Fundo Previdenciário do Estado do Amazonas), o juiz se desentendeu com o presidente do TJAM. “Num determinado momento ele se referiu ao processo do CNJ, me chamou de mentiroso. Ele me chamou de mentiroso e eu retruquei que mentiroso era ele”, disse Cássio Borges.
Segundo o presidente da Associação, em seguida Yedo Simões ameaçou retirá-lo da sala. “Ele disse que se eu não me comportasse ele ia me retirar do recinto e me expulsar da reunião, ocasião em que vários policiais – é normal o tribunal tem policiais – adentraram a sala da reunião do Pleno numa situação que eu nunca vi na minha vida um troço desse”, afirmou.
Insatisfeito, Cássio Borges desaprovou o comportamento do desembargador. “Eu nunca vi uma situação que eu vi hoje de um presidente do tribunal se dirigir a um juiz e dizer que ele se comportasse como se eu fosse um moleque”, questionou.
Cássio Borges disse ainda ter sido intimidado ao ser filmado enquanto falava. “Por que eu fiz uma questão de ordem? Porque eu tenho direito à minha imagem. Se fosse uma filmagem pública do tribunal, não era. Era outro meio de intimidação. Havia um assessor, um cargo de confiança ali, me filmando com o celular voltado para mim”, declarou.
O presidente da Amazon informou ainda que entrará com uma representação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra o desembargador Yedo Simões. “Eu vou representar o presidente Yedo Simões de Oliveira no Conselho Nacional de Justiça, por abuso de autoridade no recinto do Tribunal de Justiça do Amazonas”, disse.
Amazonprev
Embora tenha destacado durante toda a coletiva seu papel como defensor dos direitos dos magistrados, Cássio Borges não deu detalhes sobre a situação da aposentadoria da categoria.
Cássio Borges ingressou no CNJ, no fim do mês passado, e conseguiu barrar a migração da folha dos aposentados e pensionistas do TJAM para o Amazonprev, alegando que os interessados e nem a Amazon não foram ouvidos pela direção do tribunal.
“Isso não tem nada a ver com as medidas que a Associação porventura vai tomar relativamente à migração da folha. Eu não tenho certeza ainda se eu vou pedir reconsideração. Devo fazê-lo apenas para repor a verdade, para que o conselheiro não fique pensando que eu o induzi ao erro”, afirmou.
Depois de conceder liminar em favor da Amazon, suspendendo a migração da folha para a Amazonprev, o conselheiro do CNJ, Henrique Ávila, revogou sua própria decisão, na quinta-feira, 13, e autorizou o TJAM a transferir aposentados e pensionistas para a previdência estadual.
Outro lado
A reportagem tentou ouvir o presidente do TJAM, Yedo Simões, sem sucesso. A assessoria de comunicação do tribunal informou que a presidência divulgaria uma nota, que não chegou à redação até a publicação desta matéria.
Veja a fala do presidente da Amazon:
É por este motivo que o cargo de juiz, desembargador e ministro de justiça tem que por um período de 4 anos e tem que ser eleito pela população. É a única maneira de acabar com o abuso de autoridade.