Por Felipe Campinas e Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – O delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Henrique Albergaria Silva, afirmou, em entrevista aos jornalistas na manhã desta quinta-feira, 8, que as investigações da Polícia Federal na Operação Sangria identificaram que o vice-governador Carlos Almeida Filho teve “grande ingerência e influência” nos atos praticados pela Secretaria de Saúde e, por isso, ele foi alvo de busca e apreensão.
“Ao longo das investigações, da análise dos materiais apreendidos e dos demais elementos de prova, foi constatado que o vice-governador tem grande ingerência e influência nos atos praticados pela pasta de Saúde”, disse o delegado federal. Silva afirmou que a atuação de Almeida Filho foi na condição de vice-governador e que “ainda está sendo apurada ao longo do inquérito policial que está em andamento”.
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Na segunda fase da Operação Sangria, os investigadores identificaram indícios de participação de outros servidores públicos e empresários no suposto esquema criminoso. A Polícia Federal prendeu cinco pessoas, incluindo o ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias, e cumpriu mandados de busca e apreensão contra seis investigados, entre eles Carlos Almeida Filho.
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As investigações também identificaram que o processo de contratação foi montado a partir da proposta da loja de vinhos, a FJAP Importadora. “Muito embora os respiradores da empresa contratada não tivessem especificações técnicos requeridas no certame, o procedimento foi todo montado a fim de viabilizar e legalizar a contratação dessa empresa”, disse o delegado.
De acordo com o delegado Henrique Silva, a negociação para a compra dos respiradores teve intermédio do empresário Gutemberg Leão Alencar, que também foi preso nesta quinta-feira, 8. O empresário é capitão reformado da Polícia Militar do Amazonas.
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‘Sócio oculto’
Em relação ao empresário Luiz Carlos Avelino Júnior, marido da ex-secretária de Comunicação do Amazonas Daniela Assayag, e um dos que tiveram prisão temporária decretada, o delegado disse que há indícios de que ele seja sócio oculto de uma das empresas investigadas, a Sonoar. “Embora o quadro societário permaneça inalterado, esse empresário é um sócio de fato da empresa”, disse Silva.
Ainda de acordo com o delegado, as investigações apontaram indícios de que parte do lucro obtido com a venda dos respiradores foi usado para a compra um lote de 10 mil testes rápidos de Covid-19 para posterior venda para o Governo do Amazonas. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), a compra de respiradores teve sobrepreço de 133,67%.
Em julho deste ano, a CPI da Saúde da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) divulgou que Luiz Carlos Avelino Júnior era um dos sócios da Sonoar.
À época, Assayag negou que marido fosse dono da empresa e que era “mentira” a participação dela na reunião da Secretaria de Saúde para saber especificamente sobre a compra dos 28 respiradores por R$ 2,97 milhões. Para a ex-secretária, o nome dela estava sendo usado para atingir o governo.
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(Colaborou Murilo Rodrigues)