Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Após a polícia concluir de que houve disparo acidental contra o advogado Ygor Menezes Colares, a defesa de Jussana de Oliveira Machado pediu, nesta quinta-feira (31), a revogação da prisão preventiva dela.
O advogado Arthur Ponte sustentou que a prisão preventiva busca evitar a prática de novos crimes e que, no caso de Jussana, o “risco de reiteração delitiva é nulo”.
A defesa comunicou que ela, se for solta, ficará em um apartamento alugado na zona norte de Manaus para não ter contato com Ygor. “Longe de onde reside a vítima, fica impossível qualquer tipo de contato entre os dois, restando resguardada a integridade física desta”, disse Ponte.
A defesa alegou que é a primeira vez que Jussana responde a processo criminal, pois nunca se envolveu em qualquer prática delituosa, e que “o ocorrido representa um fato isolado em sua vida, fruto de um momento de violenta emoção”.
Ponte também sustentou que a mulher tem uma filha de 12 anos que depende dos cuidados dela, e que o irmão da adolescente não pode cuidar dela, pois “um jovem de 21 (vinte e um) anos não tem maturidade nem um mínimo de condições de cuidar adequadamente de uma adolescente”.
O advogado quer que a prisão preventiva seja substituída por restrições. “Considerando que a requerente passará a residir em endereço diverso do da vítima, a Defesa entende que as cautelares de comparecimento obrigatório ao Juízo, proibição de se aproximar ou de manter qualquer tipo de contato com a vítimas ou testemunhas, proibição de se ausentar da comarca sem autorização judicial e monitoração eletrônica são suficientes para eliminar qualquer necessidade de prisão preventiva”, disse Ponte.
Jussana foi presa em flagrante por agredir a babá Cláudia Gonzaga de Lima e disparar tiro que feriu Ygor na perna durante uma briga no estacionamento do condomínio Life, no bairro Ponta Negra, zona oeste de Manaus, por volta de 18h30 do dia 18 de agosto.
O advogado travava uma luta corporal contra Nonato Machado quando foi atingido na perna esquerda com estilhaços de um tiro. No momento do disparo, Jussana segurava a arma de fogo que havia sido entregue pelo marido.
Vídeos de câmeras de segurança do condomínio mostram que a confusão começou quando Jussana agrediu a babá Cláudia Gonzaga Lima, que trabalha para o advogado. O investigador aparece ao lado, em pé, incentivando a Jussana a agredir a babá, que pede ajuda. “Bate a cabeça dela. Bate! Vai quebrar a cara dela”, diz Nonato.
Em determinado momento, o Ygor chega no estacionamento e o investigador parte para cima dele. Antes, Nonato entrega a arma para a esposa. O investigador e o advogado iniciam uma luta corporal. Enquanto isso, Jussana aponta a arma para quem se aproxima. Ela chega a dar uma coronhada na cabeça da babá Cláudia.
A mulher do investigador dispara e os estilhaços do projétil atingem a panturrilha esquerda do advogado. Ygor sai do local, em direção à uma sala, e Nonato Machado vai atrás. O investigador chega a dar um soco no rosto dele.
No dia da confusão, apenas Jussana foi presa em flagrante. O MP-AM (Ministério Público do Amazonas) pediu da polícia explicações sobre o motivo de não ter flagranteado Nonato Machado, pois foi ele quem “forneceu a arma de fogo de uso restrito que foi utilizada para efetuar o disparo que lesionou a vítima Ygor”.
A prisão de Nonato Machado foi decretada pela Justiça no dia 19 de agosto. E na manhã do dia 20 ele se apresentou na delegacia de Rio Preto da Eva (município a 57 quilômetros de Manaus), onde estava lotado, para cumprir a prisão preventiva decretada pela Justiça do Amazonas. Ele foi transferido para a Delegacia Geral da Polícia Civil, em Manaus.
Em relatório do inquérito policial enviado à Justiça na terça-feira (29), o delegado Fábio Aly de Freitas concluiu que o disparo foi acidental. Ele indiciou Jussana e Nonato pelos crimes de lesão corporal, ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
“Deixo, aqui, de indiciar Jussana pelo crime de disparo de arma de fogo pois, do ponto de vista desta autoridade policial as evidências dos autos indicam que tenha ocorrido de modo acidental ou não intencional”, disse o delegado.