Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O CMA (Comando Militar da Amazônia) alegou, em ofício enviado à AGU (Advocacia-Geral da União), que guardou materiais de golpistas acampados na frente do quartel, em Manaus, no dia 9 deste mês, para evitar que eles os levassem para a Refinaria de Manaus, como haviam planejado. Segundo o CMA, com isso, o material estaria “sob a guarda do Exército e, portanto, não disponível”.
O CMA também informou que o comandante do quartel, general Achilles Furlan Neto, se reuniu com os manifestantes, a pedido deles, para negociar o fim da manifestação. Para o CMA, a medida foi adotada para promover a “saída pacífica dos manifestantes” e evitar dano ao patrimônio público e qualquer lesão à integridade física de manifestantes e de policiais.
As informações constam em manifestação enviada na segunda-feira (16) pela AGU (Advocacia-Geral da União) à Justiça Federal do Amazonas para informar que o Exército Brasileiro cumpriu a ordem de dispersão da manifestação bolsonarista. O documento cita trechos de um ofício em que o CMA afirma que prestou o “auxílio necessário” para a retirada dos manifestantes do local.
A manifestação ocorre após a PGE-AM (Procuradoria-Geral do Estado do Amazonas) informar a Justiça Federal que os agentes da PM não receberam qualquer auxílio das Forças Armadas, mesmo estando o acampamento nas portas do CMA, e que ajudaram os manifestantes, oferecendo espaço para que eles aguardassem material usado no acampamento.
Em 9 de janeiro, após 70 dias, o acampamento bolsonarista foi desmontado da entrada do CMA, em cumprimento a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e da juíza Jaiza Fraxe, da Justiça Federal do Amazonas. A ação foi promovida por policiais militares, assistentes sociais e garis Prefeitura de Manaus.
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O CMA menciona apenas barracas entre os materiais dos bolsonaristas. Com o trânsito bloqueado, a retirada delas não poderia ser feita por empresas em razão do bloqueio do trânsito. “Assim, sendo o CMA sediado exatamente na área vizinha à manifestação, evidentemente se mostrava o órgão público com melhores condições de fazer esse armazenamento”, diz trecho de ofício.
De acordo com o CMA, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Carlos Alberto Mansur, e os manifestantes pediram a guarda temporária do material. O CMA autorizou o secretário a colocar o material temporariamente atrás do portão de entrada do quartel e aos manifestantes a guarda “em área afastada e lateral”.
Ainda conforme o CMA, com essa decisão, conseguiu-se “evitar que os manifestantes tivessem a oportunidade de, em um retorno à frente do QG para retirar seus pertences, iniciar outra manifestação” e, ainda, que, “face à ainda viável hipótese de ocupar a frente da refinaria, o material estaria sob a guarda do Exército e, portanto, não disponível”.
Na última sexta-feira, ao apontar suspeita de crimes militares na conduta de oficiais do CMA, MPF (Ministério Público Federal) mencionou reportagem do site Mídia Ninja, publicada na quarta-feira (11), que aponta que o material guardado pelos manifestantes nas dependências do CMA “seria utilizado para atacar a refinaria de Manaus”.
Na segunda-feira, a empresa petrolífera, que foi vendida pela Petrobras ao Grupo Atem no ano passado, recebeu reforço de policiais militares diante da ameaça de ataques de grupos bolsonaristas. O policiamento também foi reforçado nas sedes dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo estadual e municipal.
Sem uso de força
De acordo com o CMA, às 9h30 do dia 9 de janeiro, negociadores do Exército Brasileiro iniciaram as “tratativas pacíficas junto aos manifestantes para a desocupação”, ainda sem a participação da Polícia Militar. Segundo o CMA, na ocasião, os manifestantes pediram para conversar com o comandante do CMA, general Achilles Furlan Neto, e o pedido foi atendido.
“Foi solicitada pela liderança local do movimento a realização de audiência com representante do Estado-Maior deste Comando, a fim de atender o objetivo final da saída pacífica e ordeira dos manifestantes. Surgiu, então, uma oportunidade de acelerar o término da crise e a demanda foi atendida”, diz trecho do ofício do CMA.
Novas manifestações
O CMA também informou que se mobilizou contra novas manifestações marcadas para ocorrer na sexta-feira (13), conforme informações da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas). Bolsonaristas queriam retornar à entrada do quartel para colocar coroas de flores, que geralmente são usadas em velórios.
Grades foram colocadas no local para evitar novos acampamentos. “Ante o risco do aumento de pessoas, e para que a decisão continuasse a ser cumprida, o CMA, em conjunto com outros órgãos públicos, instalou gradil em frente à organização militar, exatamente para cumprir o quanto acordado com o secretário”, diz trecho do ofício do CMA.
” Golpistas ” ???