
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Em resposta ao ATUAL, nesta quinta-feira (12), o CMA (Comando Militar da Amazônia) contestou a informação do comandante-geral da PM (Polícia Militar) do Amazonas, Marcus Vinícius Almeida, de que não prestou auxílio no desmonte do acampamento bolsonarista montado em frente ao quartel, na última segunda-feira (9), em Manaus.
O CMA informou que, naquele dia, durante todo o período de retirada dos manifestantes do local, oficiais do Exército estiveram presentes na entrada do quartel, em contato direto com o Secretário de Segurança Pública do Amazonas, Carlos Alberto Mansur, e com integrantes do Comando da Polícia Militar do Amazonas.
O Comando confirmou que realizou negociação com os manifestantes dentro do quartel sem a presença dos agentes da PM, mas alegou que, neste momento, houve um “desencontro entre os negociadores da Polícia Militar do Amazonas e o Oficial do CMA, em virtude de uma preparação para uma negociação conjunta futura”.
O CMA alegou que a decisão judicial que motivou a ação das forças de segurança do Amazonas não previu a participação do Exército Brasileiro na operação e nem o Comando Militar foi informado judicialmente da ação judicial, mas “todas as solicitações realizadas pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas foram atendidas”.
Após 70 dias, o grupo de bolsonaristas que pedia golpe de Estado foi retirado da entrada do CMA, em cumprimento a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e da juíza Jaiza Fraxe, da Justiça Federal do Amazonas. A ação foi promovida por policiais militares, assistentes sociais e garis Prefeitura de Manaus.
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Naquele dia, ao informar a Casa Civil a respeito do cumprimento da ordem, conforme documento enviado à Justiça Federal do Amazonas, Marcus Vinícius disse que os agentes da PM não receberam qualquer auxílio das Forças Armadas, mesmo estando o acampamento nas portas do CMA, razão pela qual a polícia foi obrigada a atuar apenas com seus próprios militares.
Em outro ofício enviado à Casa Civil, o secretário Carlos Alberto Mansur informou que o CMA participou de uma das duas reuniões do Gabinete de Crise do Governo do Amazonas, mas no dia da retirada dos manifestantes atuou apenas em apoio aos bolsonaristas, oferecendo, inclusive, espaço para que eles guardassem material usado no acampamento.
“[O Exército Brasileiro] disponibilizou, para quem solicitou, espaço para guarda temporária de material usado no manifesto [e] realizou negociação de forma individual e, dentro do quartel, diferente do tratado em reunião, quando seria em conjunto com a Polícia Militar”, diz o documento assinado por Mansur, que o ATUAL teve acesso.
Naquele dia, as conversas para remoção pacífica dos bolsonaristas da entrada do CMA foram iniciadas pelo Grupo de Negociação da Polícia Militar do Amazonas, mas o grupo se recusava a deixar o local e gritavam: “SOS Forças Armadas”. Após horas de diálogo, funcionários da prefeitura retiraram o material usado pelos golpistas.
Mansur afirma, no ofício, que a ação teve participação intensa de funcionários da Prefeitura de Manaus, que “agiram visando garantir a integridade dos presentes, o controle do trânsito e a retirada do material utilizado pelos manifestantes”. Ainda segundo ele, agentes da PF estiveram no local durante todo o cumprimento da ordem judicial, mas não foi necessária a atuação deles.
Negociação
Procurado pela reportagem, o CMA informou que estava participando do Gabinete de Crise do Governo do Amazonas para a dispersão do acampamento desde novembro de 2022. Na segunda-feira, recebeu pedido para prestar apoio nas negociações, o que fez em dois momentos distintos, um com a participação dos PMs, e outra particularmente, a pedido dos manifestantes.
“[O apoio nas negociações] ocorreu em dois momentos distintos, para a desocupação do local. Às 09:30h daquele mesmo dia, ainda durante a reunião, conforme solicitado, foi realizada a primeira negociação com as lideranças da manifestação, pelo Comando do CMA, em complemento e junto aos negociadores da Polícia Militar do Amazonas”, disse o CMA.
“Ainda no curso das negociações, em um segundo momento, houve a solicitação por parte dos manifestantes de conversar com o Comando do CMA. Nesse sentido, a fim de que as tratativas chegassem ao resultado buscado (desocupação do local sem o emprego de força e com o mínimo de dano colateral), o oficial negociador do CMA conduziu integrantes da manifestação à sala de Relações Públicas, para tratar do assunto. Naquela ocasião, ocorreu o desencontro entre os negociadores da Polícia Militar do Amazonas e o Oficial do CMA, em virtude de uma preparação para uma negociação conjunta futura”, informou o CMA.
O CMA foi aquele deixou puxar um gato da energia elétrica e que a juíza federal determinou que o comandante do CMA pagasse do próprio bolso.
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