Da Redação
MANAUS – O livro ‘Amazônia à Mesa’ contém mais de 40 receitas que destacam a culinária da Amazônia e utilizam produtos da sociobiodiversidade e da agroecologia da região em seu preparo. A obra, que será lançada no sexta-feira, 14, é resultado de parceria do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional).
O livro dialoga com a iniciativa da Catrapoa (Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos da Amazônia), coordenada pelo MPF (Ministério Público Federal) no Amazonas para possibilitar que as comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas vendam o que eles produzem e também contribui para que estes alimentos produzidos nas aldeias e comunidades sejam diretamente inseridos na merenda escolar das crianças.
O projeto gera inúmeros benefícios, como redução do custo logístico da alimentação escolar para os órgãos públicos com economia de combustível, alimentos tradicionais e de qualidade na escola, geração de renda e fortalecimento territorial.
Confira a íntegra da versão digital da obra.
As receitas foram desenvolvidas a partir de oficinas realizadas pela nutricionista e pesquisadora Neide Rigo com merendeiras e nutricionistas de escolas rurais dos municípios de Laranjal do Jari (AP) e Lábrea (AM). Na ocasião do lançamento, que é aberto ao publico, as receitas serão preparadas para degustação. O evento irá reunir nutricionistas, merendeiras, gestores públicos, autoridades e outros interessados pela culinária amazônica, que terão a oportunidade de obter um exemplar autografado pela autora.
Sobre a comissão – As primeiras reuniões da Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos da Amazônia (Catrapoa) ocorreram após visita do MPF à terra indígena Yanomami, ocasião em que o órgão verificou dificuldades logísticas no escoamento da produção e em relação ao abastecimento de alimentos nas escolas localizadas em comunidades tradicionais no Amazonas. Esses povos possuem formas tradicionais de conservação dos alimentos, o que não estava sendo respeitado.
O MPF constatou que os alimentos que chegavam às comunidades eram inadequados por serem industrializados e, portanto, descontextualizados da cultura desses povos, gerando inúmeros problemas de saúde, como diabetes e pressão alta. Verificou que muitas vezes sequer os alimentos chegavam nas comunidades, ainda hoje se repetindo esta situação em alguns locais.
A Comissão conta com a participação ativa de organizações de povos indígenas e, mais recentemente, das populações tradicionais, que têm desempenhado papel importante na articulação, disseminação e implementação da política de alimentação escolar, o que contribui com o empoderamento e a autonomia desses povos e comunidades. Também há participação constante de órgãos públicos diversos na Comissão, entre eles os responsáveis pelos temas da educação, vigilância sanitária, assistência técnica rural, entre outros, em Manaus e Brasília.
Em mais de três anos de existência, a comissão já contribuiu para avanços significativos junto ao poder público pela melhoria e adequação da alimentação escolar destinada a indígenas e povos tradicionais, como a recomendação sobre o cumprimento da obrigação legal da contratação mínima dos 30% de produtos da agricultura familiar (Lei 11.947/09) para todos as prefeituras do Amazonas, o que desencadeou um processo inédito de lançamento de chamadas públicas, beneficiando agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais.