O surto de gripe no Amazonas é alarmante, pois 30 pessoas já morreram, sendo 24 pelo vírus Influenza A, conhecido como H1N1. Enquanto isso a vacina para prevenir e enfrentar a doença não está disponível na rede pública.
O Governo do Estado, por meio da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, divulgou no Boletim Epidemiológico que até o dia 11 foram notificados 475 casos da síndrome gripal grave, sendo 91 positivos para H1N1 e 55 para Vírus Sincicial Respiratório (VSR). E informa que 24 pessoas morreram devido o H1N1, cinco devido o VSR e uma pelo Parainfluenza tipo 3. A maioria das mortes é de Manaus (24), mas tem vítimas de Manacapuru, Parintins, Itacoatiara e Borba.
A população está apavorada com esse surto de gripe e com as mortes. A procura pela vacina para prevenção cresceu, mas não tem a vacina na rede pública de saúde básica. Pelo que o Governo Federal anunciou, a campanha de vacinação estava prevista para o mês de abril, mas que poderia ser antecipada para o mês de março. Porém, até agora, não aconteceu. Já estamos na metade do mês.
No final de fevereiro encaminhei requerimento para o Ministro da Saúde, em Brasília, solicitando informações sobre a campanha de vacinação e pedindo essa antecipação. Na ocasião, quatro pessoas já haviam falecidos pelo H1N1. Em menos de 15 dias aumentou para 24 mortes. Por isso a urgência das ações do Governo Federal.
Esse pedido foi reforçado em visita feita ao ministro da saúde, dia 27 de fevereiro, junto com a bancada do Amazonas. O governo precisa agilizar a fabricação da vacina. Mas também ampliar a estrutura de atendimento dos casos notificados, que podem ou não levar a óbito.
A saúde do Amazonas está um caos. Os problemas estruturais são enormes, com pendências e dívidas, bem como, um nível de terceirização que leva boa parte dos recursos orçamentários. Isto precisa ser auditado, revisto, para garantir um melhor atendimento à população. Mas para atender de forma imediata as vítimas da gripe mortal, o Governo Federal precisa socorrer o Amazonas. Essa foi uma das pautas de cobrança na tribuna da Câmara dos Deputados.
A informação do Ministério da Saúde é que essa gripe é nova e que a vacina ainda estaria sendo fabricada agora pelo Instituto Butantã e que levaria algum tempo. Mas em Manaus têm clinicas especializadas em imunização vendendo a vacina contra o H1N1. E a procura está grande, tem até lista de espera. Ora, alguém está mentindo nessa história. Será que essa vacina que está sendo vendida é realmente a que combate o vírus? Onde foi fabricada? Se realmente for verdadeira, o Governo não poderia em caráter emergencial também encomendar do mesmo fornecedor?
O certo é que, enquanto isso, têm pessoas morrendo. E quando chegar a vacina não será para todo mundo. Ano passado 810 mil pessoas foram vacinadas. O ministro falou em 1,2 milhão de doses de vacinas. Prioridade será para segmentos de risco: gestantes, idosos, crianças, funcionários da área da saúde, etc. Mas há pessoas de todas as idades alarmadas e preocupadas com o vírus e querem também se vacinar. Vai ser necessária uma comunicação mais adequada do governo com a população.
Neste sentido, é bom lembrarmos que para isso serve os gastos de comunicação dos governos. Com campanhas de forma permanente para orientar e conscientizar a população para se prevenir de doenças. Neste momento é urgente divulgar as medidas de prevenção.
Algumas dessas medidas: lavagem frequente das mãos antes de tocar em mucosas (olhos, boca e nariz) e após espirrar; uso de lenços de papel (descartável) para proteger boca e nariz ao espirrar; uso de álcool gel; indivíduos doentes devem manter repouso, alimentação balanceada e ingestão de líquidos adequados, evitando contato com outras pessoas em ambientes fechados e aglomerados; evitar a exposição de menores de cinco anos ao clima chuvoso; manter ambientes bem ventilados; caso a pessoa apresente febre, tosse, dor de garganta, falta de ar ou qualquer outro sintoma associado, deve procurar o serviço de saúde para melhor avaliação.
O Estado (governos municipal, estadual e federal) precisa ser mais rápido. Já foram 30 mortes. Provavelmente muitas poderiam ser evitadas se a prevenção e ações planejadas fossem feitas com antecedência e rapidez no combate à gripe. O Estado não paga pelas vidas que se perderam.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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