Não restam dúvidas de que o povo brasileiro foi induzido a um erro nas eleições de 2014. Reveladas pela Operação Lava Jato, a engenharia político-financeira que conseguiu reconduzir a coligação PT-PMDB para um novo mandato, está ruindo diante dos olhares atônitos de toda a sociedade. Na medida em que se multiplicam as fases da maior operação contra a corrupção já vista no país, aumenta a certeza de que as eleições 2014 resumiu-se apenas a um jogo de cartas marcadas, alimentado pelo desejo de manter a hegemonia da coalizão PT-PMDB e perpetuar esquemas de enriquecimento ilícito de políticos, empresários e aliados do atual governo.
De fato, a democracia brasileira corre sérios riscos. Quando o processo eleitoral é viciado, quando a vontade popular é manipulada por abusos de poder econômico, corrupção e uso da máquina estatal a favor de interesses inconfessáveis, corremos riscos. Se é verdade que a justiça precisa manifestar-se longe dos holofotes e distante da praça de guerra em que se transformaram as manifestações contra e a favor do governo, também é verdade que os fatos tornados públicos denunciam que a democracia brasileira foi alvo do mais sórdido golpe contra a vontade popular.
Por outro lado, é evidente que a corrupção é o inimigo comum a ser batido. A prática de financiamento ilícito de campanhas não é exclusividade da chapa nacional PT-PMDB. No Amazonas, para ficar num único exemplo, a chapa vencedora das eleições para o governo do Estado foi recentemente cassada pelos mesmo motivos. Portanto, assim como é necessária a ação reparadora da justiça eleitoral, também é indispensável a mobilização da sociedade para requalificar o processo eleitoral e a democracia brasileira. A proibição de doação eleitorais de recursos por pessoas jurídicas é um fio de esperança no atual quadro.
Por mais que as investigações da Lava-Jato revelem culpados, corruptos e corruptores; por mais que venham à tona práticas nefastas de manipulação eleitoral; por mais que a justiça julgue e condene políticos, empresas e partidos, um fato é evidente e sem reparos pela via penal: a fraude eleitoral perpetrada contra o povo brasileiro. Esse crime não pode ser reparado por anos de cadeia, multas ou repatriação de recursos.
O direito ao voto livre e consciente, à informação justa, a um programa de governo claro, à verdade sobre a situação econômica e social do país foi retirado pela manipulação de recursos, mídias e órgãos públicos. E esse direito só pode ser reparado, na mesma medida, de uma forma: novas eleições gerais para presidente do Brasil.
Se a representação máxima da democracia é o poder emanando do povo, o império da lei e o respeito à Constituição, então que se devolva ao povo brasileiro a prerrogativa de escolher de forma livre os rumos do país. Não se pode aceitar meia justiça, nem acusados exercendo o papel de julgadores, nem implicados posando de santos. Queremos novas eleições, queremos ouvir não apenas a “voz rouca das ruas”, mas a vontade cristalina do povo brasileiro. Novas eleições já!!