Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Irmão de Adail Pinheiro, ex-prefeito de Coari (a 365 quilômetros de Manaus), Carlos Eduardo Amaral Pinheiro, 50, disse em depoimento à Polícia Federal que recebeu ordens do irmão para passar apartamentos para o nome de Raul Zaidan, ex-secretário da Casa Civil nos governos de Eduardo Braga, Omar Aziz e José Melo.
Zaidan foi preso pela Operação Custo Político, em dezembro de 2017, e é investigado por suspeita de envolvimento em esquema de corrupção na saúde descoberto em 2016 na investigação que resultou na Operação Manaus Caminhos.
Carlos Eduardo Pinheiro foi condenado pela Operação ‘Vorax’, que desarticulou, em 2008, uma organização criminosa que atuava na Prefeitura de Coari. A condenação dele foi em 2015. Após o julgamento, o irmão de Adail foi considerado foragido, e só foi capturado pela Polícia Federal em março de 2017.
No depoimento que deu à Polícia Federal ao ser capturado, em março de 2017, Carlos Pinheiro disse que, em 2001, seu irmão pediu para arrumar uma contadora e abrir uma empresa para firmar contratos com a Prefeitura de Coari que serviriam para um único objetivo: movimentar e sacar dinheiro mensalmente em grandes quantidades por meio do superfaturamento de obras.
Carlos Eduardo disse que entre 2001 e 2007 comprou várias coisas para Adail, entre os itens um apartamento no Edifício Bethoven, em Manaus, e mais de 20 apartamentos do empreendimento Via Roma. Segundo ele, por ordem do ex-prefeito, os imóveis foram repassados para Raul Zaidan, para um advogado do ex-secretário identificado apenas como Marquinhos, e para parentes de ambos (Zaidan e Marquinhos). O irmão do ex-prefeito de Coari afirmou, ainda, que com o dinheiro dos desvios, comprou um prédio na Avenida Djalma Batista, no valor de R$ 1,2 milhão, que também foi repassado para Zaidan.
Por citar Zaidan, o depoimento foi anexado ao inquérito da PF sobre as investigações da Operação Custo Político, derivada da “Maus Caminhos”. O ATUAL teve acesso ao documento. Consta no inquérito da PF uma relação de 12 apartamentos, seis terrenos, três casas, uma sala comercial e uma obra residencial unifamiliar no nome de Raul Zaidan. O sequestro de bens dos envolvidos na operação, determinado pela Justiça, somam 37 imóveis e 12 carros.
Só agora
No depoimento, o irmão de Adail Pinheiro disse que ficou calado até março de 2017, depois de quatro audiências de depoimentos à Polícia Federal, para atender pedido de seu advogado, Somoneti Bonfim, e do ex-prefeito. Ele declarou que Adail e o advogado disseram para não se preocupar com nada que estaria tudo sobre controle. Carlos revelou que após ser condenado, em 2015, o ex-prefeito parou de atender suas ligações e o advogado abandonou sua defesa. Por esse motivo, ele se sentiu “desamparado” e decidiu prestar o depoimento.
Carlos Eduardo foi condenado em 2015 a 41 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de falsidade de documentos, falsidade ideológica, uso de documento falso, fraude em licitações, crime de responsabilidade, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Investigado na Operação Vorax, deflagrada em 2008 pela Polícia Federal, Pinheiro estava na Difusão Vermelha, lista publicada pela Interpol, e era procurado desde 2015, quando foi sentenciado pela Justiça Federal do Amazonas.
De acordo com a condenação, entre 2004 e 2008, Amaral integrou organização criminosa que atuava em Coari (AM) fraudando licitações e desviando recursos públicos da União, bem como royalties pagos pela Petrobras para a exploração de petróleo e gás na região.
Além disso, segundo divulgou a PF, ele teria sido o ‘mentor intelectual’ de diversos crimes de falsificação de documentos licitatórios, incluindo comprovantes de prestação de contas apresentados ao governo federal. O prejuízo aos cofres públicos apurado à época chegou a mais de R$ 7 milhões.
Sou louco se desejo saber o motivo que levou o povo de Coari a eleger o filho de Adail?
Que Brasil é esse! Povo que chama sua própria miséria.