Da Redação
MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima, repudiou a declaração do deputado Josué Neto (PRTB), presidente da ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), e a chamou de “leviana e irresponsável”. “É leviana e irresponsável qualquer acusação que faça menção a interesse meu. Não tenho nenhum interesse pessoal e particular no caso. Mas não permitirei que uma decisão tão importante para o Estado do Amazonas, que define questões econômicas fundamentais, seja tomada de maneira intempestiva. Daí porque optei por buscar estudos e avaliações técnicas que embasem minha decisão. O que está em pauta é o futuro do povo do Amazonas e não questões meramente políticas”, disse Wilson Lima.
A reação foi ao discurso de Josué na sessão híbrida da ALE na manhã desta terça-feira, 14. Autor do projeto da Lei do Gás, Josué citou o empresário Carlos Suarez ao defender sua proposta para o setor no Amazonas. Lima reagiu com repúdio às acusações.
“Por que o governo não aprova esta lei? Quem está pagando para alguém do governo para essa lei não ser aprovada? O que o doutor Carlos Suarez, dono da Cigás… Quanto ele está pagando para alguém do governo? Quanto o doutor Carlos Suarez está pagando para o governador – ou desgovernador – para essa lei não ser aprovada nesta casa? Porque a gente tem 15 ou 20 dias, no máximo, para aprovar esta lei”, disse Josué Neto.
Carlos Suarez é o dono da empresa Manausgás, de capital privado, que detém a maior fatia do capital social da Cigás: 83% contra 17% do Governo do Amazonas. A empresa também tem 49% das ações ordinárias da companhia estadual.
Ao chamar a gestão de Lima de “desgoverno”, Neto questionou o motivo de o governo não aprovar o projeto elaborado por ele. “É tanto cocô que esse governo faz, que agora este desgoverno está desrespeitando esta Casa. Porque o parecer do relator está concluso, está entregue em todas as instituições envolvidas, e o ‘desgoverno’ que não consegue fazer uma agenda positiva sequer, não consegue entregar nada para o povo de bom, resolveu cagar na cabeça do deputado Sinésio Campos e dessa Casa mais uma vez”, afirmou Josué Neto.
Neto disse que estudos da Fundação Getúlio Vargas concluíram que em 10 anos a nova lei do gás pode gerar R$ 3 trilhões em investimentos no Amazonas. “É uma nova Zona Franca de Manaus. São 36 mi novos empregos. E eu quero saber com que consciência os deputados dessa casa dormem?”, disse o presidente da ALE.
De acordo com o Governo do Amazonas, o parecer da PGE (Procuradoria Geral do Estado) apontou a inconstitucionalidade da Lei do Gás, vetada por “afrontar a Constituição Federal”, que estabelece que cabe à União legislar sobre recursos minerais, e também a Constituição Estadual, tendo em vista que a lei criava obrigações à administração estadual, matéria que é de competência do Executivo.