Da Redação
MANAUS – Após se manifestar no Twitter sobre a possibilidade de abertura de processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Marcelo Ramos (PL-AM) reforçou a necessidade do impedimento em entrevista à CNN na manhã desta quarta-feira (8).
Vice-presidente da Câmara dos Deputados, o parlamentar aponta crime de responsabilidade cometido no discurso de 7 de Setembro, com ameaças anti-democráticas contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e poder legislativo.
“Do ponto de vista jurídico eu não tenho dúvida nenhuma do cometimento de crime de responsabilidade na forma do artigo 85 incisos II e VII da Constituição”, defendeu Ramos. O deputado cita que no discurso de terça-feira (7) Bolsonaro “disse claramente que não cumprirá ordens judiciais do ministro Alexandre de Moraes, crime tipificado no inciso VII do artigo 85 da Constituição Federal”.
Outra transgressão cometida, de acordo com o deputado amazonense, foi a ameaça contra o Congresso Nacional. “Claramente agiu para afrontar e constranger o Poder Judiciário e o Poder Legislativo”, declarou.
Uma consequência da fala de Bolsonaro, na opinião de Ramos, é a falta de compromisso e respeito com o Legislativo. “Não tem golpe que só restringe os poderes do Judiciário, golpe atinge poderes do Legislativo. Então, não tem dúvidas de que nessa escalada autoritária, nós seremos as próximas vítimas”, alertou.
Ramos minimizou as manifestações ocorridas em todo o Brasil em favor do presidente e avaliou que o desgaste de Bolsonaro aumentou após o 7 de Setembro. “Não demonstrou força necessária para o golpe, e do ponto de vista democrático isolou completamente o presidente Bolsonaro de todas as forças democráticas e dos poderes constituídos no país”, disse.
Marcelo Ramos afirmou que o impeachment é um processo de natureza jurídica e política, tanto que é o único que não é processado e julgado pelo poder judiciário e sim pelo poder legislativo.
Para o vice-presidente da Câmara, a aceitação do pedido de impeachment “é uma análise unipessoal do presidente Arthur Lira”, que tem o poder de autorizar o processo ou não. E que as manifestações previstas para o dia 12 de outubro serão decisivas para definir a abertura do processo. “Eu acredito que as manifestações do dia 12 e as que virão nos dias seguintes vão mostrar se há o clima político necessário para a abertura do processo de impeachment. Mas do ponto de vista jurídico eu não tenho dúvida nenhuma”.
Na entrevista, ele lembrou que “às vésperas do impeachment de Dilma ela fez um ato na Paulista (avenida, em São Paulo) tão ou maior do que o ocorrido”, mobilização que não impediu a queda da então presidente.
Filiado ao PL, que compõe o ‘centrão’ e ocupa um ministério (Flávia Arruda, na Secretaria de Governo), Marcelo Ramos avalia como possível a aprovação de um pedido de impeachment com base na insatisfação de partidos e parlamentares.
“O gesto do presidente empurrou para o debate do impeachment partidos que tradicionamente tem votado com ele nos últimos tempos: MDB, PSDB PSD, Cidadania, Solidariedade. Esses partidos, somados com os partidos de esquerda e somados as insatisfações que existem dentro de partidos do ‘centão’ começam a esquentar bastante esse caldo”.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) fez pronunciamento no início da tarde, em tom conciliador, sem dar pistas sobre abertura do processo de impeachment. “É hora de dar um basta a essa escalada em um infinito looping negativo”, afirmou. “Na discórdia, todos perdem”, completou.
Político que responde processo de corrupção por desvio de dinheiro público não tem moral para questionar o presidente Bolsonaro. Mais um que estará desempregado em 2022.