Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Em depoimento à CPI da Saúde na ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), nesta segunda-feira, 29, Rodrigo Tobias, ex-secretário da Susam (Secretaria de Saúde do Amazonas), disse que sofreu interferência política e não obteve apoio. Tobias afirmou que soube que a nova secretária Simone Papaiz estava em Manaus pela mídia e que ainda permaneceu no cargo mesmo após ser demitido.
Rodrigo Tobias assumiu a Susam no lugar do vice-governador Carlos Almeida de 28 de março de 2019 a 7 de abril deste ano. Segundo o ex-secretário, desde o início do ano ele sentia que não tinha apoio para suas ações na Susam.
“Ao longo desse ano, depois de janeiro, em fevereiro, eu sentia que todas as nossas ações dentro da secretaria não estavam tendo um apoio pelo governo central. Todas as nossas ações eram como se tivéssemos que comprovar que estávamos fazendo uma boa gestão. E chegou uma hora que isso me cansou”, disse. “Sem o apoio político eu não tinha condições de desenvolver as minhas ações”, completou.
Tobias disse que decisões foram tomadas sem o seu consentimento. “Muitas das ações que foram feitas na secretaria foram sem a minha anuência. Por exemplo: teve uma situação que somente me foi comunicado que ia ser desenvolvido um projeto tal no carnaval e que não foi concebido na Secretaria de Saúde e que a gente teve que executar. Se ao menos pudesse ter me explicado o que era o projeto. Não, o projeto veio pronto para que a gente pudesse dar espaço pra ele acontecer”, revelou.
Tobias não soube informar qual era o projeto e nem o autor. “O comando veio do governador (Wilson Lima), e eu não sei quem fez isso (o projeto). Sinceramente, a gente pegava esse projeto pensando na população”, afirmou.
O ex-secretário afirmou que recebeu o comunicado da sua exoneração pelo governador Wilson Lima no dia 16 de março, após uma live do governo. “Tobias, você foi um guerreiro, mas a gente vai precisar mudar a saúde”, disse Lima ao ex-gestor. Na ocasião, o ex-gestor foi apresentado à Simone Papaiz, atual secretária de saúde, com a qual teve uma breve reunião de dez minutos.
O ex-secretário disse que deste o dia até 7 de abril, seu último dia na Susam, permaneceu trabalhando na condição de demitido. “Do dia 16 de março até o dia 7 de abril eu trabalhei na condição de demitido. Fiz isso da melhor forma possível, pode ser muito romântico da minha parte, eu sou um idealista”, disse.
O ex-secretário disse não saber qual a causa exata para a sua exoneração. “Eu não tenho condições de explicar a causa da saída”, disse. “A causa particularmente não me foi falada, foi me dada a condição de sair. E eu não questionei”, completou.
Um dia antes, no dia 6 de abril, Rodrigo Tobias afirmou em live para a atualização de casos de Covid-19 no Amazonas que as internações em UTI estavam no limite em Manaus o que poderia provocar um colapso.
Segundo Tobias, houve momentos de constrangimento para ele enquanto gestor, sobretudo quando soube da visita de Simone Papaiz pela imprensa. “Sobre a minha saída, na verdade eu provoquei. Quando eu soube que a gestora já estava em Manaus, e eu soube por blog, eu telefonei para o governador. Eu falei ‘governador, isso é muito constrangedor para a minha pessoa. Ora, se eu for sair me telefona’”, disse.
De acordo com Tobias, houve outro momento em que não quis mais ocupar o cargo, mas preferiu não informar, mesmo pressionado pela CPI.