MANAUS – O respeito é uma das bases fundamentais para a convivência humana. Ele se manifesta não apenas na tolerância às diferenças, mas, sobretudo, na capacidade de compreender o ponto de vista do outro. Essa compreensão, no entanto, exige empatia, escuta ativa e uma abertura genuína para aceitar perspectivas diversas, sem julgamentos.
No artigo anterior, dissemos que o respeito é a base para relações harmoniosas e sociedades mais justas e que sua prática tem a ver com empatia. Em outras palavras, colocar-se no lugar do outro para entender as razões por trás de suas opiniões e comportamentos. Isso permite que decisões sejam tomadas de forma mais inclusiva e justa.
O filósofo e educador Mario Sergio Cortella destaca que o respeito não é simplesmente um ato de aceitação passiva, mas uma atitude ativa de reconhecimento da dignidade alheia. Em sua obra “Qual é a tua obra?”, ele afirma que “respeitar é enxergar o outro como legítimo em sua maneira de existir”. Para Cortella, o respeito envolve tanto a valorização das diferenças quanto o cuidado em não invadir o espaço do outro.
A socióloga Débora Diniz, que tem abordado questões ligadas à diversidade e aos direitos humanos, reforça em seus estudos a ideia de que compreender o ponto de vista do outro é um ato de justiça social, especialmente em uma sociedade marcada por desigualdades estruturais. Essa escuta ativa e respeitosa é essencial para combater preconceitos e construir pontes em vez de muros.
Marshall Rosenberg, “pai” da Comunicação Não Violenta (CNV), defende que o respeito nasce da capacidade de escutar com empatia, suspendendo julgamentos e buscando entender as necessidades que estão por trás das palavras e ações das pessoas. Em seu livro “Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, Rosenberg afirma que a base para o respeito é a compreensão mútua, que só pode ser alcançada por meio de uma comunicação clara e compassiva.
Compreender o ponto de vista de outra pessoa não significa concordar com ela em todos os aspectos, mas sim reconhecer a legitimidade de sua perspectiva. Esse exercício de empatia exige humildade para admitir que não possuímos todas as respostas e disposição para ouvir de forma genuína.
O psicólogo Carl Rogers, um dos fundadores da abordagem centrada na pessoa, enfatiza a importância da empatia como um dos pilares para o crescimento pessoal e interpessoal. Ele define empatia como a habilidade de “entrar no mundo do outro como se fosse o seu próprio, sem perder a qualidade de ‘como se'”. Essa visão ilustra a profundidade necessária para realmente compreender e respeitar o ponto de vista alheio.
Uma sociedade que valoriza o respeito tende a ser mais inclusiva, democrática e resiliente. Quando aprendemos a compreender o outro, diminuímos conflitos, fortalecemos relações e ampliamos nossa capacidade de resolver problemas coletivamente. “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, disse Paulo Freire. O respeito, nesse sentido, é um processo dialógico, em que todos aprendem e crescem juntos.
Respeitar, portanto, é um ato revolucionário em tempos de polarização e intolerância.
Roseane Mota é jornalista, formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e aluna do programa mentorado Bússola Executiva. É servidora pública do quadro efetivo do Estado e coordenadora de Comunicação na Unidade Gestora de Projetos Especiais - UGPE, do Governo do Amazonas.
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