MANAUS – O Projeto de Lei 320/2015, de autoria do deputado federal Hissa Abrahão (PPS-AM), que propõe a redução da idade mínima de mulheres para a realização da mamografia no SUS (Sistema Único de Saúde), de 40 para 30 anos, não tem respaldo técnico, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (Regional Amazonas). Isso porque, o exame indicado para mulheres com idade abaixo de 35 anos é a ultrassom mamário, que detecta com maior nitidez nódulos sólidos que podem ou não significar a presença de um câncer.
No dia 1° de outubro, Hissa aproveitou o lançamento do Outubro Rosa, mês em que a sociedade se mobiliza em favor da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, para divulgar o projeto de lei de autoria dele.
“A mamografia em pessoas com idade inferior a 35 anos serve apenas para detectar microcalcificações, mais comuns em mulheres com histórico de câncer na família e que tenham pelo menos dois familiares de primeiro grau que foram acometidos por este tipo de câncer”, explicou o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional Amazonas, mastologista e ginecologista Gerson Mourão. Ele explica que essas mulheres, com maior probabilidade de desenvolverem o câncer de mama, por conta do fator hereditário, já tem amparo legal, por se diferenciarem das demais. “Essas mulheres representam menos de 10% dos diagnósticos de câncer de mama e, 90% delas, têm ligação direta com o fator hereditário”, frisou.
Conforme o especialista, a Sociedade Brasileira de Mastologia defende que a mamografia de base, ou seja, a primeira da vida da mulher, deve ser realizada aos 35 anos e, se nada for constatado, ela deve ser repetida aos 40 anos e depois anualmente. Já o Ministério da Saúde regulamenta que o primeiro exame deste tipo deve ser feito por todas as mulheres com idade a partir de 40 anos, conforme a Lei 11.664/2008. “Mas, as mulheres com histórico na família, devem fazer a primeira mamografia 10 anos antes da idade do familiar que teve a doença. Ou seja: se a mãe teve câncer aos 52 anos, a filha deve fazer o exame com 40, mas nunca com menos de 30”, explicou.
A explicação, apesar de técnica, é bem simples: as mamas das mulheres com idade abaixo dos 35 anos são mais densas e, por isso, a mamografia não consegue detectar a presença dos nódulos com eficácia, ao contrário do que ocorre com o ultrassom, que deixa a imagem mais nítida nesse caso. Mulheres mais velhas têm mais gordura nas mamas, o que facilita a visualização dos nódulos na mamografia.
Projeto de Lei
O PL de autoria do deputado federal Hissa Abrahão está tramitando na Comissão de Seguridade Social e da Família da Câmara dos Deputados, em Brasília. A equipe do AMAZONAS ATUAL entrou com contato com a assessoria do deputado, na tarde da última sexta-feira, 2, para questionar se houve uma pesquisa anterior à elaboração do projeto, de forma a levantar informações técnicas pertinentes à sua construção, mas não obteve sucesso. Até o fechamento desta edição a assessoria não enviou a resposta prometida.