Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Deflagrada em 2012 para combater um esquema de exploração sexual infantil no Amazonas, a Operação Estocolmo começou com ampla divulgação pública e parou no Judiciário como ‘segredo de Estado’. Em sigilo de Justiça, o TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas) e o MP-AM (Ministério Público do Amazonas) não informam nem o nome do juiz responsável e nem o trâmite do processo. O caso, que envolve figuras políticas e empresariais do Estado, está engavetado há seis anos.
O processo tem 16 mil páginas e está na Vara Especializada em Crimes Contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes. Alegando a condição de sigilo, o TJAM e o MP-AM não informam nem sobre quantas testemunhas já foram ouvidas e se novas provas foram anexadas.
Entre os envolvidos, na época, a Polícia Civil divulgou os nomes do então deputado estadual Fausto Souza; do então prefeito Asclepíades Costa de Souza (o Asclé), de Jutaí (distante a 751 quilômetros de Manaus); do então cônsul honorário da Holanda Vitório Nyenhuis; do empresário Waldery Areosa Ferreira, e mais 16 pessoas foram acusadas de fazer parte de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes. Segundo a polícia, eles eram clientes e pagavam para fazer sexo com menores de idade.
A rede de prostituição infantil tinha como clientes empresários e figuras da alta sociedade no Amazonas. Durante a operação, oito pessoas, apontadas como agenciadoras, foram presas pela polícia. A ação ocorreu em condomínios e mansões de luxos na Ponta Negra, bairro nobre da zona oeste da cidade.
De acordo com as investigações, os criminosos utilizavam uma agência de modelos para atrair adolescentes e jovens, meninos e meninas, de até 12 anos. Conforme a operação, os agenciadores se valiam do desejo dos jovens de ingressar no mundo da fama.
A polícia apreendeu, na época, mais de mil objetos que deveriam passar por perícia. Foram expedidos 46 mandados de busca e apreensão e oito de prisão, todos com execução em Manaus. Foram apreendidos celulares, computadores, CDs, DVDs, cofres e dinheiro.
O nome da operação se deve ao primeiro Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, realizado na cidade de Estocolmo, na Suécia, em 1996. Também remete à Síndrome de Estocolmo, na qual vítimas de sequestro que permanecem um longo tempo com seus raptores passam a vê-lo como um protetor e criam um vínculo afetivo.
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TALVEZ ASSIM A SOCIEDADE TENHA UMA RESPOSTA.
ATÉ QUANDO ESSE PROCESSO VAI DORMIR.
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