Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Parlamentares amazonenses reagiram contra e em defesa do presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira, 26, após o “capitão” explicar que o vídeo compartilhado por ele no WhatsApp convocando seus correligionários para manifestação no dia 15 de março trata-se de “mensagem de cunho pessoal”.
As manifestações do terceiro domingo de março são organizadas por ativistas conservadores que defendem bandeiras de extrema direita, contrárias ao Congresso e em defesa de militares e do atual governo. Elas foram marcadas após o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, chamar o Congresso de “chantagista” na semana passada.
Nesta quarta-feira, 26, após o presidente Bolsonaro usar as redes sociais para afirmar que qualquer ilação fora de contexto “são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, o deputado federal Pablo Oliva (PSL) afirmou que “a República segue bem” e “se existem essas tentativas, o Brasil vai superá-las”.
O deputado federal Alberto Neto (Republicanos) disse que compartilha do mesmo posicionamento de Bolsonaro e que essas supostas tentativas são promovidas por grupos esquerdistas. “É uma insatisfação brasileira com algumas atitudes do Congresso, da esquerda querendo atrapalhar a construção do país”, afirmou Alberto Neto.
O deputado republicano cita que no último discurso dele na tribuna afirmou que deputados de esquerda fizeram lobby em favor da UNE (União Nacional Estudantes) para caducar a MP (Medida Provisória) que criou a carteirinha digital. “(Caducaram) com objetivo de arrecadar dinheiro para a UNE fazer campanha contra o governo”, disse Alberto.
“Quer dizer que, além de eles terem destruído o país, terem colocado o nosso país no buraco, terem aparelhado a máquina pública, eles não querem a construção do país. Então, essa é a revolta do povo brasileiro. Alguns congressistas que ainda permanecem em vez de ajudar a construção preferem continuar destruindo a nossa nação”, disse Alberto Neto.
“Parlamento não é quartel”
O senador Plínio Valério (PSDB) afirmou que “o presidente ainda não conseguiu entender que o Parlamento não é quartel”. “Há uma diferença muito grande entre palavras ditas por militantes e um presidente da República, seja ele inconsequente ou não”, afirmou Valério, ao criticar o compartilhamento de vídeos pelo presidente convocando para a manifestação.
Investigação
O deputado federal José Ricardo (PT) classificou como “muito grave” a atitude do presidente e pediu investigação do Ministério Público. “É um atentado à democracia e ao funcionamento das instituições públicas. Nós queremos que o presidente cuide do Brasil, da saúde, da educação, da segurança, o que até agora pouco foi realizado”, afirmou.
“Temos que lutar pela nossa Constituição, pela democracia, pela garantia dos direitos, pelas instituições, que devem estar serviço da população. E estou me somando a todas as pessoas que querem uma investigação. Que o Ministério Público e também o Ministério da Justiça possam investigar esse ato contra a democracia e contra o povo brasileiro”, disse José Ricardo.
O deputado petista concluiu que o ato do presidente, provavelmente, “é uma forma de desviar a atenção da sociedade para o que é mais grave, para as ações do Governo para tirar os direitos dos trabalhadores, de entregar a Amazônia, as riquezas da região para interesses estrangeiros”.
“Crimes”
Nesta quarta-feira, 26, a executiva nacional do PSOL divulgou nota afirmando que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e de improbidade ao se envolver diretamente na convocação de manifestações pelo fechamento do Congresso Nacional. “É preciso uma resposta dura. O silêncio dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal precisa ser rompido urgentemente. Medidas podem e devem ser tomadas no âmbito do STF”.