MANAUS – O mundo passa por transformações e sofre uma grave involução; boa parte dos malefícios por culpa da implementação gradual do chamado “politicamente correto” que, sendo uma forma de manipulação comportamental, faz emburrecer e limitar a criatividade, autenticidade e espontaneidade do ser. Nesta semana, findaram as convenções partidárias municipais, nas quais os partidos políticos escolheram seus candidatos a prefeito e a vereadores que concorrerão ao pleito que se aproxima.
Porém, até isso perdeu a graça! Candidatos sempre medindo palavras para não desagradar a ninguém. Os mais experientes hão de concordar: já foi mais divertido acompanhar o início das campanhas eleitorais. Eram doações de blusas, bonés e bandeiras, criava-se um verdadeiro fã clube. Muita música, festa, showmícios e “pernadas” nos adversários – há estórias de que a pessoa dormia candidato e acordava sendo no máximo coordenador de campanha.
Para piorar, como efeito do “vírus chinês”, agora assistimos a convenções virtuais. Ou seja, de comicidade, só restou acompanhar nas redes sociais as velhas “pernadas”. E não foram poucas: pretenso candidato abrindo mão de disputar eleição para apoiar outro; vice que passa a apoiar adversário; partido político que fica em cima do muro apoiando mais de um candidato – se não me falha a memória, o mesmo partido fez isso no segundo turno das eleições de 2018. Como diz o ditado: “Na política, feio é perder eleição”.
No decorrer da pré-campanha entre políticos profissionais e aventureiros desconhecidos, 24 pré-candidatos postulavam a cadeira do Executivo Municipal. Dessa corrida, restaram 11 candidatos aprovados pelo “exigente” crivo das convenções.
A lista é composta por velhos políticos já conhecidos em seus pormenores pelo povo – as mesmas “raposas” que há mais de 40 (quarenta) anos dizem que “podem resolver os problemas do município, e que talvez precisem de mais 40 (quarenta) anos para cumprirem as promessas de campanha.” Prometer e não cumprir é pior do que mentir.
Nessa esteira, ainda existem debutantes na disputa eleitoral, que estreiam suas campanhas afirmando que são “novidades”, jamais se intitulam de “novo”, apoiadas pelos mesmos que há pouco tempo criticavam. Como diz os jovens de hoje: “Esse termo – novo – parece que deu ruim!”
Cada dia o eleitor está mais distante do candidato. Mas isso não pode culminar em cegueira do povo. Este tem que exercitar sua capacidade de avaliação e julgamento para não continuar dando “murro em ponta de faca”. Perceber o efeito repetitivo das narrativas é o remédio para não sofrer com desmandos e incompetências por mais quatro anos.
Tanto na política quanto na vida, as memórias das situações vividas compõem a experiência, que nos permitem analisar fatos, não nos deixando julgar em cima do vazio, ou seja, avaliar sobre tábula rasa como se assinasse um cheque em branco.
Assim como na abertura do livro de Eclesiastes: “Não há nada de novo sobre o sol, o que foi é o que será. O vento sopra para o sul e vira para o norte, dá voltas e voltas, seguindo sempre o mesmo curso”. Da mesma maneira, na política, nada será novidade: o ponto que se destaca fora da curva logo se adequa ao sistema e a similaridade vem à tona, ou seja, só mais do mesmo.
Diante da imprevisão futura, é preciso diminuir o risco, analisando retrospectivamente cada candidato, seu plano de governo e aliados que compõem a coligação. Por essa avaliação e conhecendo o passado, será possível prever iguais consequências no futuro. Todo eleitor, desde que não coloque interesses pessoais à frente da análise, possui a capacidade de olhar para uma situação e dizer: isso aqui não vai dar certo, pois já vi esse filme e conheço bem o final.
O cidadão sempre se desloca no sentido daquilo que mais almeja. Por isso, é importante sabermos bem o que desejamos ao nosso município para não nos tornarmos escravos dos desejos de outros.
O burro não aprende com seus próprios erros; o inteligente aprende com seus próprios erros; mas o sábio aprende com o erro dos outros. Portanto, ser capaz de aprender com os erros nos evitará reviver uma série de contratempos indesejados que foram experimentados com o passar do tempo. Transforme a política.
Sérgio Augusto Costa é Advogado, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Eleitoral.
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