MANAUS – A nota oficial conjunta, assinada pelo secretário Francisco Deodato (Susam) e representantes de 15 empresas que prestam serviços médicos em unidades de saúde do Estado, não esclarece uma série de dúvidas que envolve o imbróglio dos últimos dias. A nota começa com a tentativa de culpar a imprensa pela notícia de que parte dos serviços médicos seriam paralisados na próxima semana.
Tal notícia não foi uma invenção da imprensa. Foi uma decisão dos representantes das empresas, reunidos na noite de terça-feira, 13, numa tentativa de pressionar o governo a pagar os atrasados. Inclusive, um médico e uma médica gravaram vídeo para anunciar que a partir do dia 21 as cirurgias eletivas seriam suspensas.
No segundo item da nota, diz que serão executados, a partir do dia 21 deste mês, os pagamentos integrais estabelecidos nos TACs assinados pela atual gestão. Na quarta-feira, a Susam disse que o Tesouro não tinha dinheiro para pagar dívidas que remontam 2015; os médicos, na véspera, reclamavam que além da falta de pagamento dos meses de julho, agosto, setembro e outubro, há dívidas que foram pactuadas nesses TACs e que não foram pagas.
Agora, o governo terá pouco mais de R$ 60 milhões para pagar os médicos e outras empresas do setor de saúde. Só para lembrar, o pagamento mensal às 15 empresas consome R$ 52 milhões. Como o governo vai executar os pagamentos integrais estabelecidos nos TACs? Não sobrará dinheiro para pagar as parcelas informadas no item 3 da nota.
No item 3, a nota informa que os pagamentos acordados com os médicos com o dinheiro vindo dos fundos, cujo remanejamento foi feito pela Assembleia Legislativa, no dia 14, serão executados em duas parcelas. A primeira será paga a partir do dia 21 até o dia 7 de dezembro. A segunda, do dia 10 ao dia 21 de dezembro. A nota não esclarece se esses pagamentos serão paralelos aos anunciados no item 2, ou seja, “os pagamentos integrais estabelecidos nos TACs.
Esses esclarecimentos são necessários para que a sociedade seja informada se o governo atual deixará a conta para ser paga pelo próximo governo, que assume no dia 1° de janeiro. A Comissão de Transição, principalmente a equipe do governador eleito Wilson Lima (PSC), também tem o dever de explicar esses dados. É o mínimo que podem fazer.