
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – A Prefeitura de Maués (município a 258 quilômetros de Manaus) informou que exonerou duas médicas que aparecem em vídeo zombando de uma criança que sofreu acidente doméstico e que gritava ao ser atendida no Hospital Raimunda Francisca Dinelli, na terça-feira (7). Beatriz Afonso e Sofia Rodrigues foram contratadas em janeiro, segundo a prefeitura.
O vídeo que circulou nas redes sociais foi gravado e publicado por uma das médicas. Nele, uma criança grita desesperadamente enquanto uma delas se dirige a colega e diz: “E aí? Tu que vai suturar essas crianças gritando?”. E a outra médica responde: “Isso mesmo. Parece que está sendo exorcizada”. Depois, ambas riem.
Nesta quarta-feira (9), após a repercussão do vídeo, a Prefeitura de Manaus comunicou que ordenou a imediata exoneração as duas médicas envolvidas no que chamou de “lamentável episódio”, e que “preza por uma saúde pública humanizada, bem como repudia e rechaça qualquer postura antiética e desumana de profissionais de saúde”.
De acordo com a prefeitura, as médicas são recém-formadas da UEA (Universidade do Estado do Amazonas) e foram contratadas em janeiro deste ano para atuar na rede pública de saúde de Maués. A prefeitura alega que adota política de absorver novos profissionais para dar oportunidades a eles no início da carreira.
Ontem, blogs e perfis de fofoca nas redes sociais divulgaram a informação de que a criança que estava chorando havia sido atingida por um raio. A prefeitura confirmou que a unidade de saúde atendeu uma criança atingida por raio, mas esclareceu que os gritos registrados no vídeo eram de outra criança que sofreu acidente doméstico. Ambas receberam alta.
A criança atingida por um raio é uma menina da etnia Sateré Mawé e mora na comunidade Monte Horebe, do Rio Maral, na zona rural de Maués, conforme afirmou o presidente da Apismmm (Associação Purating dos Indígenas Sateré Mawé de Maués), Daniel Michiles. Ela estava em uma embarcação no porto da cidade quando sofreu o acidente, desmaiou e foi levada para o hospital.
“Ela foi atingida ali na beirada. Estava com os pais. Eles vieram fazer alguns trabalhos aqui na cidade. O pai da criança estava resolvendo questões pessoais. Estavam em uma casqueta. Foi nessa hora que ela foi atingida. Ela foi levada às pressas desmaiada para o hospital. Agora, eles já retornaram para a área indígena”, disse Michiles.
O presidente da entidade disse que o caso indignou os indígenas. “A gente quer que seja feito algo, que sejam tomadas as devidas providências para que não ocorre novamente e que sirva de lição para todos os profissionais que estão ali. Sei que nem todos são assim. Além do mais, são vidas. E foi essa questão que nos indignou bastante”, afirmou Michiles.
Leia a nota da Prefeitura de Maués:

Vergonha, profissionais sem nenhum sentimento. Começando mal a profissão. Medicina mercenária?????