MANAUS – Quatro anos após ter sido instaurado e sem respostas à sociedade, um dos inquéritos civis que investiga a prática de nepotismo no âmbito da FHemoam (Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas) foi desmembrado pelo MP (Ministério Público Estadual). Quatro pessoas são citadas na investigação, entre elas o diretor-presidente da unidade de saúde, Nelson Fraiji, e a esposa dele, diretora de Ensino e Pesquisa, Dagmar Kiesslich. Segundo o responsável pela apuração, promotor de Justiça Ronaldo Andrade, a parte que investiga o casal foi remetida ao promotor Edílson Queiroz, que instaurou um novo procedimento, em março de 2016, com o mesmo objeto.
Ronaldo Andrade explicou que se colocou sob suspeita para investigar o casal, pois uma pessoa próxima a ele é amiga de Fraiji e Dagmar. Mas ele admite que há indícios suficientes da prática de nepotismo, já que Dagmar é esposa de Fraiji e foi indicada por ele para a função que exerce hoje no hospital há pelo menos cinco anos ininterruptos.
Ronaldo Andrade também destacou que Fraiji já esteve no MP, há alguns anos, para esclarecer a questão. “Ele entende que a esposa tem qualificação para exercer a função, mas qualificação muita gente tem. A Súmula já tem vários anos e todo mundo sabe da existência dela”, disse, ao se referir à 13a Súmula Vinculante, aprovada em 2008 pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e que veda o nepotismo nos três poderes, no âmbito da União, estados e municípios.
O aditamento de portaria n°07.2016.78.1.1.1073498.2011.20697, que trata do inquérito civil nº 1297.2012, foi publicada na última quarta-feira, 4 de maio, pelo MP. O inquérito, por sua vez, foi gerado através de denúncia on line de ocorrência de nepotismo no âmbito da Fundação Hemoam por conta da nomeação de Dagmar Kiesslich para coordenar a Diretoria de Ensino e Pesquisa.
Apenas a denúncia de que a funcionária Rosângela Santos Abreu, que ocuparia cargo de gerente médica, sendo subordinada a seu cunhado, Rodrigo Leitão, então diretor-técnico daquela Fundação, ficará sob a responsabilidade de Ronaldo Andrade. Sobre eles, Andrade disse que os dados precisam ser atualizados, pois não se sabe se esses profissionais continuam a exercer as funções mencionadas. Caso tenham deixado os cargos, o inquérito será arquivado, pois perde o objeto.
O restante foi remetido à 77a 77ª Prodeppp (Promotoria de Justiça Especializada de Proteção ao Patrimônio Público), sob a coordenação de Edílson Queiroz.
Em março, o AMAZONAS ATUAL fez contato com Fraiji para falar sobre o assunto. À época, ele informou que já havia respondido ao MP sobre a questão outras vezes e que Dagmar Kiesslich era a pessoa mais qualificada para exercer a função, inclusive tecnicamente, já que tem pós-doutorado e ajudou a criar a Diretoria de Ensino e Pesquisa e programas de pós-graduação em funcionamento na entidade. Ele explicou que desde 1989, Dagmar ocupa cargo de diretora na FHemoam, ou seja, antes mesmo de ele assumir como diretor-presidente.