
Por Eduardo Laguna e Daniel Tozzi Mendes, do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fez críticas ao crescimento descontrolado das emendas parlamentares, que podem virar “um caso de polícia”.
“Eu já vi essa história antes, eu já vi esse filme antes. Não sou contra as emendas parlamentares, acho que elas são saudáveis. Neste patamar que sou contra”, afirmou a ministra em entrevista exibida pela GloboNews na noite da quarta-feira (12).
Segundo Tebet, em nenhum outro lugar do mundo o Parlamento tem tantos recursos quanto o Executivo para investimentos.
É preciso, segundo a ministra, encontrar um maior equilíbrio em relação às emendas, sob o risco de a situação atual levar a um cansaço da população brasileira com a classe política.
Nesse sentido, Tebet disse que sua maior preocupação para as eleições do ano que vem é com o surgimento de candidatos de fora da política tradicional.
“Não tenho medo da direita ou da esquerda tradicional, tenho medo de um outsider, que vem com ideias mirabolantes de um mundo totalmente distópico”.
Economia
Simone Tebet disse que os números da economia do país “nunca estiveram tão bons”, ao citar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), da renda e do emprego. “Nunca tivemos tantos jovens empregados e nunca tivemos tantas mulheres empregadas, nunca tivemos tanta formalidade”, afirmou.
Na avaliação de Tebet, porém, o cenário de incerteza global está deixando de ser momentâneo para se tornar um fenômeno “estrutural”, que se traduz em “insegurança”.
“A incerteza é a pior palavra quando se trata de economia, mas a incerteza é conjuntural, ela é temporária. Acho que nós estamos passando por algo ainda pior, nós estamos passando por algo estrutural”, disse a ministra, que citou também as questões climáticas e os conflitos armados em andamento.
Tebet reconheceu que o governo errou em alguns pontos, especialmente na comunicação com a população, “tanto na forma, quanto no conteúdo”. A ministra afirmou, porém, que “aposta todas as fichas” no trabalho do ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, que assumiu o cargo no início do ano.
Tebet disse que o governo não pode “ter medo” de dialogar com a sociedade, mesmo em temas espinhosos, como a discussão sobre o fim da escala de trabalho 6×1. “A jornada 5×2 precisa ser colocada na mesa”, disse Tebet, que defendeu um período de transição para as grandes empresas e uma proteção para os pequenos negócios.