MANAUS – Nos últimos tempos, temos testemunhado uma crescente conscientização sobre a importância da presença feminina nos mais altos escalões de liderança. O protagonismo feminino não é apenas uma questão de justiça social, mas também um catalisador crucial para o empoderamento das mulheres e o avanço em direção à igualdade de gênero. A ascensão de mulheres em posições de liderança não apenas desafia as normas estabelecidas pela sociedade patriarcal, mas também demonstra o potencial ilimitado das mulheres em todos os aspectos da vida profissional.
Historicamente, as mulheres têm enfrentado obstáculos significativos ao tentar alcançar posições de liderança. Desde barreiras culturais até desigualdades sistêmicas, o caminho para o topo tem sido árduo e muitas vezes desanimador. No entanto, à medida que a consciência sobre a importância da diversidade de gênero aumenta, vemos uma mudança gradual, mas significativa, no panorama corporativo e político.
Um dos principais benefícios do aumento do protagonismo feminino na liderança é a representação mais equitativa de perspectivas e experiências. As mulheres trazem consigo uma variedade de habilidades, insights e abordagens únicas que enriquecem qualquer equipe ou organização. Além disso, a presença de mulheres em cargos de liderança serve como um modelo inspirador para as gerações mais jovens, demonstrando que não há limites para o que as mulheres podem alcançar.
Exemplos concretos não faltam. Ursula Burns, ex-CEO da Xerox Corporation, quebrou barreiras como uma das poucas mulheres afro-americanas a liderar uma empresa da Fortune 500. Já Sheryl Sandberg, ex-COO do Facebook (atual Meta), não só liderou uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, mas também advoga ativamente pela igualdade de gênero no local de trabalho, como defende no livro de sua autoria “Faça Acontecer: Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar”.
A brasileira Luiza Helena Trajano é outro exemplo de mulher inspiradora. Formada em direito, a empresária começou sua carreira aos 12 anos como balconista em uma das lojas da família.
Com muito esforço e empenho, Luiza conseguiu transformar uma empresa familiar em uma das maiores e mais conceituadas redes de lojas de varejo: a Magazine Luiza. Ativista pelo direito das mulheres, a empresária lidera o Grupo de Mulheres do Brasil, que busca debater e propor ações para melhorias sociais e profissionais.
No entanto, apesar dos avanços notáveis, ainda há muito a ser feito. A disparidade de gênero persiste em muitos aspectos da vida profissional, a contar pelo salário até a sub-representação de mulheres em cargos de liderança.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mulheres recebem salário 22% menor em comparação com homens. Isso significa que uma brasileira recebe, em média, 78% do que ganha um homem. A diferença salarial aumenta quanto mais alto for o cargo ocupado — mulheres em posição de liderança chegam a receber cerca de 34% menos em relação aos profissionais do gênero masculino que ocupam o mesmo cargo.
Uma pesquisa da Opinion Box apontou que, 12,6% das empresas não têm nenhuma mulher em cargo de liderança, e 46,6% têm mais homens do que mulheres em seu quadro de gestores.
Para romper completamente com o ciclo de desigualdade, é essencial adotar uma abordagem multifacetada. Em primeiro lugar, é crucial que as empresas adotem políticas e práticas que promovam a igualdade de gênero em todos os níveis organizacionais. Isso inclui a implementação de programas de mentoria e desenvolvimento de liderança específicos para mulheres, bem como a eliminação de preconceitos inconscientes nos processos de contratação e promoção.
Além disso, as mulheres também desempenham um papel fundamental no avanço da igualdade de gênero ao se tornarem defensoras e mentoras umas das outras. Ao se unirem em redes profissionais e compartilharem experiências e recursos, as mulheres podem criar um ambiente de apoio que capacita umas às outras a alcançar o sucesso.
Educação e conscientização contínuas também são essenciais para mudar as mentalidades e superar estereótipos de gênero arraigados. Ao desafiar as normas sociais e promover uma cultura de inclusão e respeito mútuo, podemos criar um ambiente onde o talento e o potencial das mulheres sejam plenamente reconhecidos e valorizados.
Em última análise, o protagonismo feminino na liderança não é apenas uma questão de justiça, mas também uma necessidade para construir um mundo mais equitativo e próspero para todos. À medida que continuamos a avançar, é imperativo que trabalhemos juntos – homens e mulheres – para criar um futuro onde o potencial ilimitado das mulheres seja totalmente realizado e celebrado.
Roseane Mota é jornalista, formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e aluna do programa mentorado Bússola Executiva. É servidora pública do quadro efetivo do Estado e coordenadora de Comunicação na Unidade Gestora de Projetos Especiais - UGPE, do Governo do Amazonas.
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