MANAUS – O deputado federal Silas Câmara (PSD-AM) foi o único parlamentar do Amazonas a votar a favor da admissibilidade da PEC 171/93, que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal. Seguiu a orientação do partido, mas outro fator explica melhor o voto do parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, no dia 31 de março: nas eleições de 2014, ele recebeu R$ 200 mil da empresa Umanizzare Gestão Prisional e Serviços Ltda. para sua campanha eleitoral. A Umanizzare é a empresa que gere presídios no Amazonas e que no ano passado recebeu do governo do Estado R$ 137,3 milhões.
A doação da Umanizzare não se limitou à campanha do candidato a deputado federal do Amazonas, mas foi estendida à família de Silas Câmara. A mulher dele, Antônia Lúcia Câmara (PSC-AC), candidata à reeleição de deputada federal no Acre, recebeu R$ 400 mil, e a filha do casal, Gabriela Ramos Câmara (PTC-AC), que disputou vaga de deputado estadual também no Acre, recebeu outros R$ 150 mil. Portanto, a empresa de gestão prisional doou R$ 750 mil para as campanhas eleitorais da família Câmara. Só Silas conseguiu se eleger.
A redução da maioridade penal é de extremo interesse das empresas de terceirização dos presídios, porque com a possibilidade de prender os jovens entre 16 e 18 anos aumentaria o número de presos no Brasil, e, consequentemente, os lucros de empresas como a Umanizzare. A equação é simples: quando mais presos, mais lucro.
Silas Câmara votou pela redução da maioridade penal e comemorou o resultado com aplausos e gritos, junto com outros 42 deputados que votaram “sim” à tramitação da matéria. Mais que ideológico, a comemoração de Silas tinha um viés financeiro, para favorecer a empresa financiadora de sua campanha eleitoral.
Além da Umanizzare, Silas Câmara recebeu R$ 210 mil da empresa Fiel Vigilância Ltda. e outros R$ 190 mil da Total Vigilância Ltda. As duas empresas trabalham com serviços de escolta armada e vigilância ostensiva. Silas não é o único dos votantes pela redução da maioridade penal que tem como financiador uma empresa de segurança. Além dele, os parlamentares Bruno Covas (PSDB-SP), o pastor evangélico João Campos (PSDB-GO) e Felipe Maia (DEM-RN) também receberam montantes elevados de empresas do setor.
Doações da Umanizzare para a família Câmara (clique na imagem para ampliar)
Como votaram os deputados