
Do ATUAL
MANAUS – A combinação acúmulo de lixo em topos de encostas, sobrecarga de sistemas de drenagem de águas da chuva por ligações clandestinas de água e moradias encima ou embaixo de barrancos cria as condições para desmoronamentos e soterramento de moradias em Manaus.
Essa convergência de fatores gerada pela ação humana causou o desabamento de encosta que soterrou três casas no bairro Redenção, zona centro-oeste da capital, domingo (19). Um pai e a filha de 30 anos morreram. Uma mulher teve a perna direita decepada pelos escombros.
“O barranco saturou, a chuva foi muito forte. Com o barranco saturado pela ligação clandestina, então logo, com a chuva, o barranco não suportou e veio abaixo. O terceiro fator que causou a perda da vida daquelas duas pessoas se refere aos cortes que foram feitos indevidamente naquele talude. Fizeram por duas vezes esse corte. O segundo corte ficou atrás da casa, um barranco com mais de 4 metros reto atrás quando ocorreu deslizamento”, explicou Gladiston Silva, subsecretário municipal de Segurança Pública e Defesa Social.
Segundo Gladiston, a chuva intensa na madrugada de domingo, com 63 milímetros de água; a ligação clandestina de água e o corte indevido do barranco para expansão dos terrenos criaram as condições para a encosta vir abaixo.
O bairro Nova Cidade, na zona norte da capital, é o mais vulnerável. “Das 12 erosões onde trabalhamos na zona norte, cinco foram no bairro Nova Cidade, que, conforme laudo do nosso corpo técnico, possui a combinação de terrenos inclinados e alta densidade populacional, além de áreas de ocupação irregular que aumentam significativamente o risco de deslizamentos, especialmente durante o período de chuva”, disse o prefeito David Almeida ao visitar o local do deslizamento na tarde desta segunda-feira (20).

A contenção de encostas, segundo o prefeito, foi realizada em 32 áreas de risco. Consiste em cortes [talude] para evitar que o solo fique encharcado e inclui a urbanização das áreas com praças, academias ao ar livre e trilhas para caminhadas.
Na zona norte foram cinco intervenções no Nova Cidade, quatro no Cidade de Deus, uma no Monte das Oliveiras, uma no Santa Etelvina, uma na Cidade Nova); 10 na zona leste (duas no Distrito Industrial, duas no Mauazinho, uma no Colônia Antônio Aleixo, uma no São José, três no Jorge Teixeira, uma no Gilberto Mestrinho); três na zona oeste (uma no São Raimundo, uma na Compensa, uma no Tarumã); três na zona centro-oeste (duas no Planalto, uma no Alvorada); duas na zona sul (uma no Petrópolis, uma na Cachoeirinha); duas na centro-sul (uma em Flores, uma na Chapada).
David Almeida anunciou investimento de R$ 65 milhões em outras 13 áreas críticas nos bairros do Mauazinho, Gilberto Mestrinho, Nova Floresta, Jorge Teixeira, Cidade Nova, Nova Cidade, Petrópolis e Cidade de Deus.
São 600 pontos desses em Manaus, sendo 90 de alto risco. Desses, em 32 foram realizadas contenções das encostas. Entre junho de 2021 e janeiro de 2025 a prefeitura registrou 6.554 atendimentos sobre deslizamentos de barranco, alagações e riscos de tombamento. O número será atualizado com as ocorrências do último fim de semana.