Da Redação
MANAUS – A Justiça ordenou que o Governo do Amazonas amplie os serviços de hemodiálise nas unidades de terapia intensiva (UTIs) dos hospitais 28 de Agosto, João Lúcio, Platão Araújo e Delphina Aziz, em Manaus. Segundo a DPE (Defensoria Pública do Estado), autora da ação, a medida é para evitar que pacientes que necessitam fazer hemodiálise, a maioria idosos, e que contraíram coronavírus, morram por falta de tratamento frente ao risco de falência renal ocasionada pela infecção.
A decisão possui força de mandado judicial. De acordo com o defensor Arlindo Gonçalves, que assina a ação junto com a residente jurídica Elena Cristina Oliveira, a oferta de UTIs deverá ser feita em quantidade suficiente para atender aos pacientes internados com Covid-19, mediante prescrição médica, sob pena do gestor da unidade responder por improbidade administrativa.
Conforme Arlindo, a DPE constatou a existência de pacientes ocupando leitos de UTI, a maioria idosos e com comorbidades, necessitando realizar hemodiálise. No Hospital 28 de Agosto, por exemplo, ele apurou que os 40 leitos de UTIs estavam ocupados por pacientes com Covid-19 e outros 20 pacientes em ‘sala rosa’ aguardavam abrir uma vaga.
Arlindo chama a atenção para o fato de que naquela unidade existe apenas uma única máquina de hemodiálise, e sem nefrologistas (especialidade médica que se ocupa do diagnóstico e tratamento clínico das doenças do sistema urinário, em especial o rim) no último turno, o que, segundo ele, “leva à disputa por uma vaga em sessão de diálise e a uma verdadeira luta pela vida”.
Na ação acatada pela Justiça, o defensor argumenta que a diretoria do hospital já teria sido alertada para a necessidade de ampliar a hemodiálise sem, contudo, ter adotado nenhuma medida efetiva para solucionar a demanda. Isso por conta do aumento de casos de Covid-19 que fez com que o número de pacientes críticos apresentando “injúria renal aguda” e com necessidade de tratamento hemodialítico também aumentasse.
Gonçalves destaca que a maioria dos pacientes em estado crítico, por apresentar comorbidades, como hipertensão e diabetes, vão, em algum momento, evoluir com insuficiência renal aguda, o que pode ser verificado nos prontuários de diversos pacientes apresentando altíssimas taxas de potássio no sangue. Na prática, destaca o defensor, “as pessoas estão morrendo nas UTIs porque não estão tendo acesso à hemodiálise nesse estágio crítico da doença”.