Por José Marques, da Folhapress
SÃO PAULO-SP – O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, criticou nesta segunda-feira, 20, magistrados que tentam fazer “justiça em caso concreto” em vez de seguir o estabelecido na lei.
“É
muito importante que nós tenhamos em conta que os magistrados têm que garantir
que os pactos sejam cumpridos”, disse o ministro em evento da IBA
(Internacional Bar Association), a ‘OAB Mundial’, em São Paulo.
“Essa também é a função dos tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal”,
acrescentou. “Aplicar a Constituição, aplicar a lei, garantir que as normas e
as regras do jogo sejam cumpridas como estabelecidas e não pelo desejo do
intérprete naquilo que seria, na visão dele, o mais justo ou o mais correto ou
que, no ponto de vista econômico, seria melhor para a sociedade”.
Toffoli fez o discurso de abertura do evento, que tem como tema insolvência de empresas, frisando que a Justiça deve garantir que haja segurança jurídica no país. Pediu “frieza de fazer valer os contratos” aos magistrados.
O presidente do STF citou estudo do Insper que afirma que o índice de aplicação “de interpretação puramente legalista” da lei de insolvência civil, de 2005 até hoje, caiu de 90% para 35%. Segundo ele, “porque os magistrados, em vez de aplicar a lei como estabelecido e garantir os contratos, garantir os pactos, começam a querer fazer justiça em caso concreto”.
Toffoli foi um dos responsáveis por elaborar a lei, quando ainda era subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, no governo Lula (PT). O presidente do Supremo chegou e saiu do local, um hotel no centro de São Paulo, sem falar com a imprensa. Ao contrário de eventos anteriores com a presença do ministro, não houve protestos à frente do local.
Toffoli não fez menção em seu discurso a polêmicas recentes que envolvem o Supremo, como o inquérito que investiga a divulgação de fake news contra integrantes da corte ou o texto compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), na sexta (17), com críticas à corte. Para um público de advogados, parte deles de outros países, explicou as estruturas da Justiça brasileira e as funções e números de processos que o STF julga anualmente.