Por Victor Ohana e Iander Porcella, do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – Oficializado nesta terça-feira (29) como candidato do Republicanos à presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (PB) afirmou que acredita no apoio do PT à sua campanha, mas que respeita a “dinâmica” da legenda em não ter se posicionado ainda sobre a eleição para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL).
A declaração ocorreu após uma reunião de integrantes do partido Republicanos na sede do diretório nacional, em Brasília.
“Preciso, antes de qualquer projeção de apoio deste ou daquele partido, dizer que nós respeitamos a dinâmica interna de cada legenda. Cada partido tem à sua maneira de se reunir. Para vocês terem uma ideia, só hoje nós reunimos o nosso partido”, disse.
Motta prosseguiu: “Às vezes, a ansiedade e a precipitação, ao invés de ajudar, pode acabar atrapalhando. Então, o PT está discutindo internamente. Nós respeitamos o tempo do Partido dos Trabalhadores, que tem a sua dinâmica e deve se reunir nesta semana”.
O líder do Republicanos também disse estar ciente de que o PT ouvirá seus adversários, o líder do PSD, Antonio Brito (BA), e o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA).
“É do processo democrático do Partido dos Trabalhadores. Mas nós temos a confiança de que, com as conversas que nós fizemos, com o diálogo que imprimimos nos últimos dias com lideranças do partido, que o PT caminhará conosco nesta disputa. Não tenho a menor dúvida disso”, afirmou.
Antes do pronunciamento de Motta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), havia anunciado formalmente o seu apoio à candidatura do líder do Republicanos para a sucessão na Mesa Diretora da Casa.
Na ocasião, Lira afirmou que Motta é o “candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento” e afirmou que o líder do Republicanos “demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”.
PL
Hugo Motta também espera ter o apoio do PL. “Absolutamente, eu vejo o PL como um partido que estará ao nosso lado. Nós temos conversado com o líder Altineu, com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, com o ex-presidente Bolsonaro, reafirmando o compromisso com a importância que o PL hoje tem na Casa. É o maior partido da Casa”, afirmou.
E acrescentou: “Vamos respeitar os espaços do PL, valorizar a bancada, termos a condição de dialogar sobre os temas que são importantes para essa bancada”.
Na sequência, Motta disse que a proposta que dá anistia aos condenados pelo 8 de janeiro não deve ser o único elemento considerado ao negociar o apoio do PL.
Integrantes do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro defendem a aprovação de um projeto que livra os condenados das penas aplicadas por envolvimento com as manifestações.
Na ocasião, Motta foi questionado por jornalistas se a criação de uma comissão especial poderia afastar o PL de sua candidatura, já que a tramitação será prolongada.
“Não vejo um assunto, por mais importante que seja, que é o PL da anistia, como o único ponto a ser levado em consideração, até porque nós não estamos assumindo compromisso contrário ao PL da anistia”, declarou.
Ele acrescentou: “Estamos dizendo que é um tema que será debatido e discutido, e o presidente da Casa, decidiu, por essa complexidade, ter uma comissão para discutir só esse tema”.
Mais cedo, Lira também afirmou que a Lei da Anistia “não pode, jamais, se converter em indevido elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras para a Mesa Diretora da Câmara”.