Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – Como justificativa para vacinar cinco mil policiais e bombeiros em Manaus, a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) informou que a taxa de letalidade desse grupo é de 45% e que eles estão na linha de frente do combate à Covid- 19, em ações pela vacinação, manejo de corpos e no fechamento de festas clandestinas.
“Considerando o perfil e evolução de casos graves da doença nesse grupo, a taxa de letalidade observada foi de 45%, visto que dos 96 profissionais que evoluíram com Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG para Covid-19, 43 foram com desfecho para óbito”, afirma a FVS em nota técnica.
Dentre os profissionais que morreram vítimas da doença, 30% foram policiais militares.
As cinco mil doses começaram a ser aplicadas neste domingo, 28, e considera os profissionais mais expostos ao vírus e não profissionais com comorbidades ou idosos, como determina o PNI (Plano Nacional de Imunização). As doses são de reserva técnica da Fundação e não interferem nas doses dos outros grupos.
A DPU (Defensoria Pública da União) discordou da decisão de imunizar policiais. O impasse só foi decidido na justiça na noite de sábado, 27, quando a juíza federal Jaíza Fraxe autorizou a vacinação. No primeiro momento a intenção do Governo do Amazonas era vacinar toda a classe, de 15 mil pessoas.
” (Requer) a intervenção judicial para fazer cessar a violação ao PNI, devendo as classes referidas aguardar a chegada de sua prioridade (quarta fase), sob pena de se preterir pessoas que correm grave risco de vida caso contaminadas, contribuindo para a já vivenciada sobrecarga dos serviços públicos de saúde”, pediu a DPU.
De acordo com o PNI, as forças de segurança fazem parte da quarta fase de imunização e devem ser vacinadas depois de pessoas com comorbidades, trabalhadores da educação e pessoas com deficiência permanentemente severa. A FVS, no entanto, alega que policiais e bombeiros estão trabalhando em “condições insalubres” e de alto risco.
“Considerando o desempenho dos profissionais do grupo prioritário da Força de Segurança e Salvamento desde o início da Pandemia, atuando de forma ininterrupta, garantindo a segurança, ações de fiscalização refreando as aglomerações, principalmente em festas e eventos clandestinos, o que aumenta a exposição ao risco de contágio em razão das condições insalubres observadas nestes locais”, alega a Fundação.
“Optamos por vacinar profissionais do Grupo prioritário de Forças de Segurança e Salvamento que atuam diretamente na linha de frente e em atividades de enfrentamento da Pandemia e controle da Covid-19 no âmbito do Estado do Amazonas”, completou.
O Amazonas registra, do total de 7.942 exames realizados, 2.591 casos de coronavírus em policiais e bombeiros desde março de 2020. Comparando a outros grupos de profissionais, como os da educação, o número é baixo.
Entre agosto e novembro de 2020, a FVS realizou testagem em profissionais da Seduc (Secretaria de Educação), e confirmou 4.057 casos positivos, de 12.303 testes feitos. Os professores trabalharam de forma presencial entre agosto e dezembro de 2020. A FVS não informou dados de óbitos da classe.
Leia a nota técnica completa divulgada pela FVS: