Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS- É comum encontrar animais silvestres nas ruas Manaus. Cobras, jacarés e preguiças são frequentemente vistos na cidade e nem sempre os animais são resgatados por órgãos de proteção da fauna silvestre. Na última quinta-feira, 20, um filhote de preguiça-bentinho foi morto eletrocutado em um poste próximo à Ufam (Universidade Federal do Amazonas), instalada em grande área de floresta nativa.
Para o professor Ronis da Silveira, do Instituto de Ciências Biológicas da Ufam, os animais estão sendo colocados em risco pela falta de planejamento urbano da cidade. “O que acontece é que estamos crescendo de uma forma descontrolada, via de regra não tem planejamento e nesse caminho vamos encontrando os animais, quer seja ao longo do igarapé, quer seja na mata, na floresta. O problema não está com eles, o problema está conosco e o problema que nós estamos causando a eles”, disse.
Manaus foi fundada e se expandiu dentro da floresta tropical, em habitat de animais, aves e insetos. Silveira diz que cuidar deles é um papel de todos e deve ter planejamento. “Os animais, pela constituição, são um bem da União, um bem seu e um bem meu, um bem de todos os brasileiros. Sendo um bem da União, tem que ter um programa de resgate, isso é feito oficialmente pelo Ipaam, que atualmente está parado por causa da pandemia, nós temos o batalhão ambiental, bombeiros fazendo, mas é tudo não muito bem feito, por uma série de problemas financeiros e de tempo” disse.
O professor coordena o Laboratório de Manejo de Faunas, da Ufam. Os alunos publicam os regastes de animais em uma conta no Instagram, ‘chamada Fauna Livre’. “Nós trabalhamos isso durante um tempo, com recurso do CNPq e agora temos um projeto em andamento aqui na universidade. Então a nossa preocupação é trabalhar com esses animais em risco, pegamos e levamos os animais para um lugar mais tranquilo”, disse.
A cidade avança sobre a floresta destruindo habitats dos animais. Dois grandes complexos habitacionais são exemplos claros dessa devastação: o Conjunto Viver Melhor, com 20 mil moradores, e a ocupação Monte Horebe, já desativada, ambos na zona norte. Nesta invasão, cursos de água foram, inclusive, alterados. A área de floresta nativa destruída equivale a 106 campos de futebol.
Segundo o Ipaam, os resgates de animais estão sendo rfeitos, de segunda à sexta-feira, em horário de funcionamento do órgão: 08h as 14h.
Em janeiro deste ano, o Ipaam divulgou que em 2019 pelo menos 699 animais foram resgatados pelo instituto. Os que estavam saudáveis foram devolvidos à natureza e os que precisaram de cuidados foram encaminhados para o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).