Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Enfrentando processo de recuperação judicial desde março de 2021, a Salvare Serviços Médicos, uma das empresas de propriedade do médico Mouhamad Moustafá, deve R$ 44,9 milhões a trabalhadores e fornecedores. Os nomes dos credores constam em edital publicado em novembro de 2021 pela 9ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho de Manaus.
A dívida com os trabalhadores alcança R$ 39,6 milhões e com os fornecedores, R$ 5,3 milhões. Entre os credores estão o Sicoob Uniam (Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados de Manaus), cuja dívida da Salvare alcança R$ 1,3 milhão; e a Mercedes-Benz do Brasil, que tem crédito de R$ 989,5 mil com a empresa.
O total da dívida da Salvare deve aumentar, pois, de novembro para cá, outros trabalhadores que não receberam indenização trabalhista recorreram à Justiça para obter as verbas que têm direito, no âmbito do processo de recuperação judicial manejado pela empresa. O último pedido foi feito no sábado (29) e a trabalhadora afirma ter direito a R$ 99,7 mil.
De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), a Salvare está envolvida na Operação Maus Caminhos que descobriu desvio de R$ 104 milhões da Saúde do Amazonas. A empresa era uma das três fornecedoras do INC (Instituto Novos Caminhos) que mantinha contrato com o Governo do Amazonas para gerir três unidades de saúde no estado.
A empresa fornecia medicamentos, materiais médicos, serviços assistenciais e esterilização de material hospitalar e alugava ambulâncias para a UPA Campos Salles, UPA Tabatinga e CRDQ (Centro de Reabilitação em Dependência Química).
Na ‘Maus Caminhos’, os investigadores identificaram que a Salvare, o INC, a Total Saúde Serviços Médicos e a Simea (Sociedade Integrada Médica do Amazonas) “constituíam-se, na verdade, em um mesmo grupo econômico, comandado por Mouhamad Moustafa, pois ficou caracterizada confusão patrimonial e operacional entre todas as pessoas jurídicas”.
De acordo com o MPF, o Instituto Novos Caminhos, que tinha status de organização social, “caracterizava-se apenas como um disfarce para que, na prática, as empresas de Mouhamad prestassem serviços e vendessem material ao Estado do Amazonas sem necessidade de se submeter à licitação”.
Moustafá foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) como líder do esquema investigado pela ‘Maus Caminhos’. O médico foi preso na primeira fase da operação, em setembro de 2016, ocasião em que as contas das empresas de Mouhamad foram bloqueadas pela Justiça Federal do Amazonas.
No mês seguinte, trabalhadores da Total Saúde e Salvare utilizaram ambulâncias para protestar contra o atraso de salários.
A Salvare serviços médicos entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça do Amazonas em novembro de 2020. Naquela época, o ATUAL publicou que, conforme dados da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), a empresa tem dívidas tributárias e previdenciárias que somam R$ 31,9 milhões.
Veja a lista da credores: