Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – Com o início da corrida eleitoral, as ‘vaquinhas’ na internet foram reativadas e serão uma das fontes de financiamento dos candidatos que são obrigados a prestar contas do valor arrecadado e do que foi gasto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A regulação consta no artigo 22 da Resolução nº 23.607 de 2019. A doação de dinheiro está ativa desde 15 de maio e as pessoas físicas podem doar até R$ 1.064,10. Esse tipo de financiamento está estabelecido na Lei nº 9.504/1997, art. 23, 4º, III, ‘b’.
Desde a última eleição municipal, em 2016, a relação com o eleitor pela internet mudou. As vaquinhas se tornaram populares. Em Manaus, os partidos ainda estão definindo candidaturas, mas alguns candidatos começam a sensibilizar o eleitorado. É o caso da ‘Bancada Coletiva’ do Psol, que já arrecadou R$ 6,5 mil com com 54 doadores. A busca dor doações implica jogo de cintura por os candidatos não podem pedir votos.
Michelle Andrews, 36, uma das integrantes da ‘Bancada Coletiva’, que é uma das candidatasna primeira candidatura coletiva em Manaus, explica que a principal desafio é pedir doações sabendo que famílias perderam empregos e estão vivendo com recursos do auxílio emergencial por conta da Covid-19.
“O desafio, tanto para que as pessoas possam doar quanto de pedir doação, é a consciência de que ainda estamos passando por uma pandemia. As perdas, materiais e simbólicas, foram imensas. Muitas famílias ainda estão se reconstruindo. Então, falar de política e ainda para pedir apoio financeiro nesse contexto é desafiador, mas esperamos poder falar para essas pessoas depois: valeu a pena”, disse.
Um dos problemas nas doações pela internet, às vezes feitas por pessoas que não necessariamente conhecem o beneficiado, é a possibilidade de fraude. Sobre a transparência nos gastos da ‘Bancada’, Michelle informou que, pela legislação, o dinheiro arrecadado ainda não pode ser usado.
“Primeiramente, os próprios sites de doação publicam os fluxos de entrada. E até o momento, pela legislação eleitoral, não podemos fazer uso de nenhum valor que foi doado. Mas esperamos que a partir do dia 27 de setembro, com a autorização do uso pelo calendário eleitoral, os fluxos sejam organizados no site da campanha”, disse.
O argumento e a justificativa usada pelas mulheres da ‘Bancada Coletiva’ para convencer os eleitores a doarem é a falta da presença feminina na Câmara dos Vereadores. A bancada tem cinco candidatas mulheres, dentro da candidatura coletiva.
“As redes sociais são nossas grandes aliadas na ampliação das nossas vozes. É por meio delas que destacamos a imensa disparidade de representação na Câmara de Manaus, onde apenas 3 de 41 cadeiras são ocupadas por mulheres. E também onde reafirmamos nossos compromissos com bandeiras que as pessoas identificam como necessárias para a renovação do discurso político para a nossa cidade”, disse.
Apesar da quantia de R$ 6,5 mil alcançada, as candidatas do Psol ainda têm um longo caminho para percorrer, financeiramente falando, mas uma análise da última eleição mostra que o rumo delas é certo. Os candidatos eleitos em 2016 tiveram um forte investimento de pessoas físicas.
O vereador mais votado, João Luiz (PRB), que agora é deputado estadual, por exemplo, arrecadou R$ 21,7 mil. Desse valor, R$ 14,5 mil foram doados por pessoas físicas. O segundo vereador mais votado, Hiram Nicolau (PSD), arrecadou R$ 179,6 mil e 96% deste valor foi doado por pessoa físicas.
A Professora Jacqueline (Podemos), eleita para a Câmara com o maior número de voto entre candidatas mulheres, arrecadou R$ 113,4 mil, sendo R$ 59,5 mil de eleitores.