Do ATUAL
MANAUS – Deputados deixaram o plenário da Assembleia Legislativa do Amazonas antes do pronunciamento do fazendeiro Agenor Bruce Tupinambá, 23 anos, na manhã desta terça-feira (25). Ele foi convidado a se pronunciar sobre a multa de R$ 17 mil do Ibama por “maus-tratos, abuso e exploração da imagem de animais silvestres” no caso da capivara Filó. Agenor falou para plenário vazio. Apenas convidados da deputada Joana Darc, autora do convite, estavam presentes na galeria.
Momentos antes, em sessão de homenagem a pessoas autistas, 21 parlamentares estavam presentes, conforme mostrou o painel eletrônico da ALE-AM. Além de Joana Darc (União Brasil), estavam presentes na declaração do fazendeiro apenas Cristiano Dângelo (MDB) e Adjuto Afonso (União Brasil), que saíram do plenário. Chegaram depois Alessandra Campelo (PSC) e Dan Câmara (PSC).
A cessão de tempo estava prevista para ser realizada no dia 20 de abril, mas um bate-boca entre Joana Darc e Wilker Barreto (Cidadania) adiou a explanação. Agenor também recebeu uma notícia falsa sobre vistoria do Ibama na casa dele e voltou às pressas para Autazes.
Nesta terça-feira, emocionado e contendo o choro em diversos momentos, Agenor disse estar sendo perseguido e negou que ganha dinheiro com a situação.
“Sou ribeirinho. Moro em um flutuante em cima d’água. Essa é minha cultura, essa é minha vivência. Anos atrás eu decidi mostrar a cultura amazônica para o mundo e venho sofrendo com isso. Nunca esperei um dia estar aqui. Eu não falo só por mim. Não é um animal. Eu estou falando pela minha cultura, pela minha vida no interior”, disse no início do pronunciamento.
“A gente vive em contato com os animais. A gente divide o mesmo espaço. E hoje eu estou impedido de fazer isso, de mostrar a minha realidade. Os animais vivem em convívio comigo. Estou sendo acusado de ganhar dinheiro em cima disso, do que eu mostro. Eu nunca monetizei nada, eu nunca ganhei dinheiro em cima dos animais, com imagem nenhuma deles. Os animais que estão comigo, que moram comigo lá na fazenda, nós dividimos o mesmo espaço e eles são livres para vir e para ir a hora que quiser”, afirmou.
Agenor agradeceu aos que se manifestaram a seu favor. “Quero agradecer minha mãe, que um dia me disse: ‘seja incrível’; e eu estou sendo. Muito obrigado a todos. Não soltem nossa mão, essa luta está apenas começando”.
O fazendeiro é acusado pelo Ibama de ser o responsável pela morte de uma preguiça. Joana Darc disse que a denúncia é injusta, “porque na verdade o Agenor tentou foi salvar a preguiça”. Agenor foi obrigado pelo Ibama a retirar os vídeos e fotos com animais de suas redes sociais.
A mãe de Agenor, Cláudia, também se pronunciou e disse que o filho é autista e sempre viveu em meio aos animais. “O Agenor é um menino muito frágil. Ele não tem maldade. Eu só peço que as pessoas que não conhecem, respeitem nossa vida e nossa cultura”.
Sobre os animais, disse que eles são livres. “Nós nunca domesticamos eles. Nunca comeram da nossa comida. Vivem lá, na natureza, se alimentando e convivendo no meio deles”.
(Colaborou: Felipe Campinas)