
Do ATUAL
MANAUS – A deputada Joana Darc (União Brasil) e o deputado Wilker Barreto (Cidadania) trocaram insultos em bate-boca na sessão desta quinta-feira (20) da Assembleia Legislativa do Amazonas. A deputada acusou o colega de misoginia e prometeu representá-lo por “violência política”. Wilker disse que a parlamentar “não defende causa alguma” e que foi eleita “com a máquina do governo”, por isso o “mandato era do governo e não do povo”. O motivo da rusga foi multa do Ibama ao fazendeiro Agenor Tupinambá por amizade com a capivara Filó.
A confusão começou quando Wilker Barreto concedeu aparte [comentário ao tema de quem está discursando] quando falava de crianças no corredor do Hospital Infantil da Zona Leste, popularmente conhecido como Joãozinho.
O deputado disse que a foto de crianças no corredor não tem o mesmo alcance do assunto capivara. Wilker se referia à ação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) contra o fazendeiro de Autazes, multado por gravar e divulgar vídeos mostrando a rotina dele com uma capivara batizada de Filó.
“Os valores estão invertidos. Eu posso mostrar a foto de criancinhas nos corredores e isso não terá o mesmo alcance do assunto da capivara. Que valores são esses? Crianças nos corredores e hoje nas redes sociais só se fala da capivara”, afirmou Wilker.
Joana pediu respeito à causa da capivara. “Com todo respeito, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu defendo a Educação, e eu peço só o respeito à causa que eu represento. É apenas isso. O que você falou na tribuna, concordo. Vamos receber os professores…”, disse a deputada, confundido os temas.
Professores estavam na galeria da ALE para pedir ajuda aos parlamentares na negociação com o governo do estado por reajuste salarial.
Joana Darc foi interrompida e corrigida por Wilker Barreto. “Mas eu não estou falando de professores. Estou falando de crianças, crianças”.
A deputada retrucou: “Eu não vou permitir que você desmereça minha causa, porque eu também defendo crianças. Eu sou mãe de uma criança de com deficiência. Respeite minha causa”.
Após o fim do aparte, Wilker Barreto afirmou que reiterava sua fala que questionava a “inversão de valores” e foi interrompido por Joana: “A vida de um animal também importa. Uma coisa não se mistura com a outra. Como sempre, você é misógino e você não respeita a causa dos outros. Eu não vou me calar”.
Professores que estavam na galeria vaiaram a deputada. Alguns disseram que “capivara não é mais importante que a educação”. “Deixe a capivara lá”, disse um homem.
Diante da insistência de Joana Darc, Wilker Barreto questionou a presidência. “Aqui é o parlamento ou a feira?”. A deputada, então, pediu que Wilker “não usasse as pessoas na galeria para fazer palhaçada”. Wilker pediu respeito e Joana respondeu que não o respeitaria “por não ter sido respeitada”.
Wilker confrontou Joana e disse que ela não defende causa alguma. “Como é que a senhora defende a causa da pessoa com deficiência se votou a favor da extinção da Secretaria?”, perguntou o deputado.
Só então o deputado João Luiz, no exercício da presidência, determinou que os microfones fossem cortados, após quatro minutos de bate-boca. Mesmo sem som, a deputada acusou o colega de não respeitar as mulheres.
Wilker rebateu. O deputado afirmou que no “parlamento grito não ganha; é no argumento”. “Vosso mandato pertence ao governo, e não ao povo. Eu não usei máquina de governo para me eleger. Eu não tive o aparelhamento do Estado”, disse.
Ao término do tempo regimental, João Luiz não concedeu tempo extra a Wilker, prática comum em todas as sessões. Wilker recorreu a outro expediente, o “comunicado parlamentar”, para terminar o discurso.
Com a voz embargada, Darc disse que não tinha nada contra a pauta dos professores. Ela deixou o plenário abalada. Havia a previsão de que Agenor subisse na tribuna, mas após a confusão a assessoria da deputada comunicou que “surgiu um imprevisto urgente na agenda” dela e do fazendeiro.