Da Redação
MANAUS – O primeiro sintoma que Carlos Eduardo, de 24 anos, sentiu foi a dor na garganta. No dia seguinte, ele teve febre, dor de cabeça, coriza e nariz entupido. Tomou remédios para gripe, mas não conseguiu dormir direito por duas noites seguidas devido aos sintomas. Na quinta-feira (20), após ler matéria do ATUAL sobre os sintomas das duas novas subvariantes da ômicron, resolveu fazer o teste de Covid e descobriu que estava infectado.
“Desde sexta-feira (dia 15) eu pensava que eu estava com gripe, pois os sintomas eram parecidos com a ‘virose’. Naquele dia, eu mal conseguia levantar da cama. Estava com muita febre, dor de cabeça e sentia um tremor no corpo. Também não conseguia falar, pois a garganta estava muito inflamada. Comecei a tomar um anti-inflamatório e remédios para dor. A febre durou o dia todinho”, disse Carlos. Na noite de sexta-feira, o termômetro acusava febre de 38 graus.
No sábado (16), Carlos não estava mais com febre, apenas com os outros sintomas, como coriza e tosse. Em isolamento domiciliar, ele continuou a tomar anti-inflamatório, remédios caseiros e outros medicamentos para gripe, como mel, extrato de própolis e Vitamina C. Ele disse que não procurou posto de saúde porque acreditava estar apenas com uma gripe. “Eu já tinha pego uma virose com esses mesmos sintomas, mas essa veio mais forte”, afirmou o jovem.
Carlos decidiu permanecer todos esses dias em casa para não contaminar colegas de trabalho com o que acreditava ser uma gripe. Mas, na quinta-feira (21), decidiu fazer teste de Covid em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) no bairro Cidade Nova, na zona norte de Manaus, após ler reportagem sobre a presença das subvariantes BA.4 e BA.5, derivadas da variante ômicron do coronavírus, nos novos casos confirmados no Amazonas.
“Na matéria, o médico falava que, nessas duas novas subvariantes, as pessoas confundiam a Covid com a gripe porque os sintomas eram os mesmos, inclusive dor no corpo e a tosse, que não deixava a pessoa dormir. Eu estava exatamente assim. Por duas noites seguidas não consegui dormir por conta da tosse. Então, decidi ir ao posto de saúde fazer o teste e o exame apontou que eu estava infectado pelo coronavírus”, disse Carlos, que continua em isolamento.
Carlos tomou a dose única da vacina do laboratório Janssen em julho de 2021 e a dose de reforço em dezembro. Na consulta após ser diagnosticado com a Covid, o médico o informou que a vacinação abrandou os sintomas da doença. “O médico disse que as pessoas que estão sendo contaminadas agora e estão vacinadas não estão mais sentindo, por exemplo, falta de ar, que causou a morte de muitas pessoas na primeira e segunda ondas”, disse o jovem.
Em boletim publicado no dia 15 deste mês, a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) alertou para a circulação das subvariantes BA.4 e BA.5, derivadas da variante ômicron do coronavírus, no Amazonas, que causam os mesmos sintomas da Covid. A instituição informou que, em junho, 40% dos genomas sequenciados apontavam infecção pela BA.5, 29% pela BA.4 e 27% pela BA.2.
“Em 2022, 2.608 amostras foram sequenciadas, sendo a VOC Ômicron a variante do SARS-CoV-2 encontrada em maior frequência no Amazonas, com 97% (2.542/2.608) dos genomas sequenciados. Em junho, foram identificadas 41 amostras da subvariante BA.4 da Ômicron e 56 amostras da variante BA.5, sendo essas que apresentam a maior proporção de genomas sequenciados nas últimas duas semanas”, diz trecho da nota.
Em entrevista ao ATUAL, o médico infectologista Nelson Barbosa, que atua em hospitais públicos de Manaus, afirmou que as duas subvariantes são “muito mais transmissíveis do que a original”, mas a vacinação contra a Covid impede o aumento do número de mortes no Amazonas. “Apesar de as pessoas terem tomado só a primeira e segunda doses, elas não estão adoecendo e morrendo”, disse o médico.
“A quantidade de mortes está sendo bem menor do que foi durante a primeira, a segunda e a terceira ondas. Isso se deve à vacinação, mesmo não estando completa. Mas há risco dessa pessoa que não completou o esquema evoluir para uma forma grave, principalmente se ela tiver alguma comorbidade, como imunodepressão, insuficiência renal, for diabética…”, completou Barbosa.
Ainda de acordo com o médico, as pessoas que buscam os hospitais confundem a infecção pela Covid com a gripe, pois os sintomas são parecidos. “Às vezes, as pessoas chegam se queixando de uma gripe forte, mas quando a gente faz o exame é Covid. Aí nós vamos ver essa pessoa tomou a primeira, a segunda e a terceira doses, mas não está apresentando a falta de ar”, disse Barbosa.
“Os sintomas são iguais aos da gripe, com uma certa diferença na seguinte questão: eles relatavam muita dor na garganta e muita tosse, principalmente à noite, aquela tosse que não deixa a pessoa dormir. E dor no corpo muito forte também. Nesses casos, é melhor você fazer o teste para Covid preventivamente porque você se isola logo”, disse o médico.
A prefeitura disponibilizou dezenas de pontos de testagem em todas as zonas da cidade. Consulte aqui:
Ué. Esse rapaz não tomou vacina não? Os que conheço que pegaram Covid no início do mês, parecia rinite, apenas espirros. Sem febre, sem tosse. Afinal, vacina é pra deixar os sintomas mais brandos!
Bom dia, Beto. Seu questionamento é pertinente. Realmente faltou a informação sobre a vacinação do paciente. O consultamos novamente sobre o assunto e atualizamos a matéria. Obrigado!