Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – A FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) alertou para a circulação das subvariantes BA.4 e BA.5, derivadas da variante ômicron do coronavírus, no Amazonas, que causam os mesmos sintomas da Covid. Em boletim publicado na sexta-feira (15), a instituição informou que, em junho, 40% dos genomas sequenciados apontavam infecção pela BA.5, 29% pela BA.4 e 27% pela BA.2.
“Em 2022, 2.608 amostras foram sequenciadas, sendo a VOC Ômicron a variante do SARS-CoV-2 encontrada em maior frequência no Amazonas, com 97% (2.542/2.608) dos genomas sequenciados. Em junho, foram identificadas 41 amostras da subvariante BA.4 da Ômicron e 56 amostras da variante BA.5, sendo essas que apresentam a maior proporção de genomas sequenciados nas últimas duas semanas”, diz trecho da nota.
De acordo com médico infectologista Nelson Barbosa, que atua em hospitais públicos de Manaus, as duas subvariantes são “muito mais transmissíveis do que a original”, mas a vacinação contra a Covid impede o aumento do número de mortes no Amazonas. “Apesar de as pessoas terem tomado só a primeira e segunda doses, elas não estão adoecendo e morrendo”, disse o médico.
“A quantidade de mortes está sendo bem menor do que foi durante a primeira, a segunda e a terceira ondas. Isso se deve mesmo à vacinação não estando completa. Mas há risco dessa pessoa que não completou o esquema evoluir para uma forma grave, principalmente se ela tiver alguma comorbidade, como imunodepressão, insuficiência renal, for diabética…”, completou Barbosa.
Ainda de acordo com o médico, as pessoas que buscam os hospitais confundem a infecção pela Covid com a gripe, pois os sintomas são parecidos. “Às vezes, as pessoas chegam se queixando de uma gripe forte, mas quando a gente faz o exame é Covid. Aí nós vamos ver essa pessoa tomou a primeira, a segunda e a terceira doses, mas não está apresentando a falta de ar”, disse Barbosa.
“Os sintomas são iguais aos da gripe, com uma certa diferença na seguinte questão: eles relatavam muita dor na garganta e muita tosse, principalmente à noite, aquela tosse que não deixa a pessoa dormir. E dor no corpo muito forte também. Nesses casos, é melhor você fazer o teste para Covid preventivamente porque você se isola logo”, disse o médico.
Dados da FVS apontam que, do final do mês de junho ao dia 10 de julho, houve crescimento de 290% nos casos de Covid no Amazonas. Na capital o aumento foi de 155%, saltando de 137 novos casos em 29 de junho para 349 em 12 de julho, e no interior a variação alcançou 884%, indo de 31 novos casos em 29 de junho para 305 novas infecções em 12 de julho.
De acordo com a FVS, a entrada da ômicron, em dezembro de 2021, resultou no aumento da incidência de casos por Covid-19. No entanto, neste período, “o estado já se encontrava com mais de 50% da cobertura de esquema vacinal primário na população, o que explica, ao menos em parte, o menor impacto na taxa de mortalidade”.
Em razão do aumento na média móvel diária de caso, de leitos de UTI e leitos clínicos, da taxa de positividade para Covid-19 nos últimos 14 dias, o Amazonas encontra-se atualmente na fase 3, de cenário considerado de “moderado risco” de transmissão de Covid. Por esse motivo, a FVS alerta para a estabilização da cobertura vacinal da população amazonense.
“Com isso, ressalta-se a importância de intensificar os esforços para vacinação da população, para ampliação das campanhas publicitárias de incentivo à vacinação, bem como a contínua oferta de exames diagnósticos nas portas de entrada dos serviços de saúde e pontos estratégicos”, diz trecho do boletim da FVS.
Para o médico Nelson Barbosa, os cuidados devem ser redobrados. “Os cuidados são os mesmos que há dois anos nós estamos transmitindo: o uso de máscara, álcool em gel, álcool 70, lavagem das mãos, não aglomerar, aquele distanciamento de 1,5 metro de cada pessoa. A vacinação, principalmente, por isso não estamos tendo casos graves”, disse Barbosa.
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