Por Michelle Portela, de Brasília
BRASÍLIA – O cantor e compositor amazonense Chico da Silva, autor da canção “Vermelho”, feita originalmente para o Boi Bumbá Garantido, de Parintins, vai cobrar o Partido dos Trabalhadores direitos autorais pelo uso da música nas manifestações em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde que o juiz Sérgio Moro decretou a prisão do ex-presidente e ele foi para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no dia 5 de abril, a música ‘Vermelho’ passou a ser entoada pelos petistas. Depois da prisão, ‘Vermelho’ passou a ser uma espécie de hino nos acampamentos que se estabeleceram em defesa da liberdade do pré-candidato do PT à presidência da República.
Chico da Silva disse que vem acompanhando tudo pela internet e nesta sexta-feira, 4, conversou com a reportagem do ATUAL sobre o assunto. Ele lembra que não é a primeira vez que o partido utiliza a música. Ela já foi usada desde a campanha eleitoral de 2010 tanto pela candidata a presidente da República Dilma Rousseff quanto por candidatos do partido nos Estados.
“O PT se apropriou da música como hino, mas os políticos jamais me procuraram para pedir autorização pra usar a toada dessa forma, nem mesmo para saber quem eu sou”, diz um dos maiores compositores do boi Garantido. “Eu vivo disso. Dizer que todos têm direito de usar as minhas composições gratuitamente é mentira”, afirma.
Agora, o compositor contratou uma empresa especializada em direitos autorais sediada no Rio de Janeiro, que deverá procurar a direção nacional do partido para negociar a “dívida”. “Espero que eles respondam positivamente, até porque não tenho interesse em judicializar essa questão, mas quero o reconhecimento de que me devem. Afinal, não são os únicos a usar a minha obra indevidamente”.
Processo contra o Garantido
Chico da Silva também cobra judicialmente direitos autorais do Boi Garantido pela toada “Vermelho”. Criada para o Garantido, a música estourou nacionalmente no Festival Folclórico de Parintins de 1996.
A partir dali, segundo o compositor, a esquerda se apropriou da música. “Essa é uma das minhas questões com o PT. Por todo esse tempo, apenas um politico me procurou para pedir autorização para usar a música e pagou os direitos, mas os outros fingem que eu não existo”, diz.
Aos 72 anos, sambista gravado por grandes nomes da música nacional, Chico da Silva vive em Manaus, faz shows sazonais, sempre com grande participação do público. “Além dos meus shows em bares e restaurantes, sempre abro para os sambistas que se apresentam na cidade. Muitos deles cobram para que eu vá para o Rio de Janeiro, mas a violência me desestimulou”, explica.
Crítica ao comunismo
Chico explica que, apesar de orgulhoso pela projeção da toada, diz que não entende os motivos da apropriação, uma vez que a música é uma crítica aos “velhos comunistas”. “Fico impressionado. A toada ridiculariza os políticos que traem a ideologia socialista. Rubro quer dizer dinheiro e rubor, vergonha, ou seja, denuncio o constrangimento que os políticos que se vendem por dinheiro e influência causam ao socialismo”, explica.
Quanto ao Garantido, a entidade folclórica está desde o ano passado proibida de usar as composições de Chico da Silva e, por isso, atualmente o boi vermelho se apresenta sem alguns dos seus hinos, como “Vermelho” e “O Amor está no ar”.
Encrenca eleitoral
Filiado do DEM, Chico da Silva está inelegível porque não concluiu a prestação de contas da sua candidatura a uma vaga na Câmara de Vereadores de Manaus, há oito anos.
Apesar de cobrar direitos autorias do PT, ele se diz contra a prisão de Lula. “É tudo marketing, mas ficar inelegível será a sua maior prisão”.
Mas ele faz uma última ressalva. “Lula será o presidente que entrará para a história como aquele que, com erros ou acertos, promoveu mudanças no Brasil”.
Concordo plenamente com a garantia dos direitos autorais. Acredito que precise ser resolvido pelas vias judiciais.
Só de ter a passagem “O velho comunista se aliançou, ao rubro do rubor do meu amor” bem como o destaque da cor vermelha, a canção acaba por fazer uma “homenagem” à ideologia esquerda. Não tem como fugir disso! Apenas aceitar!