Por Teófilo Benarrós de Mesquita, da Redação
MANAUS – Terminou em confusão a reunião do PSOL na noite de sábado (2) para decidir sobre os rumos do partido na eleição de 2022. O evento ocorreu no Salão dos Espelhos do Rio Negro, na Rua Epaminondas, centro da capital amazonense. No tumulto, além de empurra-empurra, agressão e gritaria, uma cadeira foi arremessada.
O presidente do Rio Negro, Jefferson Oliveira, disse que alugou o espaço para o evento, mas não houve prejuízo no salão da sede do clube, tombado como Patrimônio Histórico.
De acordo com Mena Bianca, tesoureira do PSOL, a reunião ocorreu em cumprimento a uma resolução da Executiva Nacional que determinou que a escolha dos candidatos deveria ser deliberada e decidida por meio de reunião do Diretório Estadual.
“No entanto, de forma arbitrária, a atual presidente decidiu ignorar tal decisão e chamar para votação os filiados, a maioria da base aliada da mesma. Ocorre que os membros do diretório requeriam que houvesse votação do diretório para decidir entre prévias ou conferência eleitoral”, disse Bianca.
O ATUAL tentou falar com a presidente, Rosilane Almeida, mas ela não respondeu às ligações e nem mensagens.
A tesoureira afirma que o tumulto começou quando Luiz Carlos Marques, um dos pré-candidatos ao Senado, desligou o microfone durante uma parte do debate. A filiada Fernanda Fernandes se dirigiu a Marques e solicitou que o microfone fosse ligado, de acordo com o relato de Bianca.
Fernanda disse que registou denúncia à Polícia Civil, mas o ATUAL não teve acesso ao documento.
“No momento que a suplente Victoria Nogueira, que ocupava o cargo de secretária geral, iniciou o argumento pra garantir que o diretório pudesse deliberar, a mesma teve seu microfone cortado pelo pré-candidato Luiz Carlos Marques”, afirmou Bianca.
Marques afirma que foi agredido. “É só ver o vídeo. Eu levo um soco”. Ele diz que quando foi confrontado, colocou as mãos na cintura e perguntou à Fernanda: “Qual o problema?”. Para a reportagem, Marques disse que o microfone sem fio falhou, problema de bateria e pilhas, “algo comum de acontecer quando se usa esse tipo de equipamento”.
Luiz Carlos, que foi vereador em Manaus pelo antigo PPS, disse que foi agredido com um murro. “Passei o domingo reunido com nossos advogados e vamos tomar as providências. Isso não vai ficar assim. Fui agredido”. Marques identificou como “Professor Gevaldo” o filiado que arremessou a cadeira contra ele.
Para Mena Bianca, “tal movimentação de desrespeito às instâncias partidárias se origina da correlação de forças, onde o grupo que está a praticar atitudes autoritárias segue em desvantagem numérica para aprovar os nomes de seus pré-candidatos ao pleito eleitoral de 2022”.
“A polêmica sobre prévias ou conferências, deveria ser decida por voto dos dirigentes estaduais, sendo este a instância máxima estadual do partido”, completa.
Marques disse que a confusão se deu porque na hora do credenciamento de nomes para avaliação, o grupo que ele disse ser da corrente Primavera Socialista descobriu que a pré-candidata Nathalia Demes sequer está filiada ao PSOL do Amazonas. E diz que numa democracia progressista de esquerda, “cabe aos filiados escolher os candidatos”.
De acordo com a tesoureira, a reunião foi encerrada após a confusão. “Treze de quinze membros do diretório foram expulsos do local da reunião, de forma violenta e agressiva”, disse Mena Bianca.
Marques disse que a corrente adversária tem apenas esses nomes para habilitar ao pleito. “Éramos mais de cinquenta presentes, contra os 13 da corrente adversária”.
“A corrente Fortalecer tem nomes para Governador [Marcelo Lima, que usa o nome político de Marcelo Amil], vice-governador, Senador [o próprio Luiz Carlos], com suplentes, 15 pré-candidatos a deputados estaduais e chapa completa para Federal, em Federação com a Rede”.
Na eleição municipal de 2020 o PSOL lançou candidatura coletiva, registrada no nome da então filiada Michelle Andrews. Com o nome de urna Michelle da Bancada Coletiva, o grupo obteve 7.662 votos, a quinta melhor votação do pleito, mas o PSOL não alcançou o quociente eleitoral, que define o número de eleitos por partido.
Em março de 2022 o grupo que comandou a candidatura coletiva, intitulado Movimenta Amazônia Socialista, saiu da sigla, sob o argumento que o PSOL “não possuía um projeto político e social para o Amazonas” e que a proposta sofria boicote interno.
Luiz Carlos Marques afirma que o PSOL tem um pequeno grupo, “de 7 integrantes”, que por serem fundadores dificultam novos rumos para o partido.
“Na última eleição, a bancada coletiva teve a quinta melhor votação em Manaus, mas o partido não alcançou o quociente eleitoral. Esse grupo de fundadores não permite o progresso do partido”.
“O PSOL tem apenas três diretórios municipais reconhecidos, de Tefé, Itacoatiara e Santa Isabel do Rio Negro. Os três diretórios apoiam as candidaturas majoritárias do nosso grupo – Marcelo Amil e Luiz Carlos Marques”, diz Marques.