Da Redação
MANAUS -Após divergências internas no Psol, o Movimenta Amazônia Socialista, coletivo que reúne cerca de 300 mulheres, negras e negros, LGBTQIAP+, pessoas com deficiência e indígenas, anunciou neste domingo (6) a saída do partido. O grupo alega que a ascensão de mulheres na sigla incomodou dirigentes que conduzem o partido há anos.
Em nota, o coletivo afirma que o Psol no Amazonas “não possui um projeto político e social para o Amazonas” e não tem proteção às suas figuras públicas. Também alega que há “fortes indícios” que a sigla seja “machista, misógino e LGBTQIAP+fóbico” e que o projeto ‘Bancada das Manas’ sofre boicote sem a maioria no diretório.
Marklize Siqueira, que disputou o cargo de vice-prefeita de Manaus ao lado de José Ricardo (PT) na eleição de 2020, citou que a bancada coletiva lançada pelo partido naquele ano recebeu a quinta maior votação na disputa por um cargo na Câmara Municipal de Manaus e se tornou a “mais potente de mulheres que o Psol já construiu”.
Para Marklize, no entanto, o protagonismo das mulheres incomodou o “patriarcado que vem conduzindo o partido ao longo de todos esses anos e que não aceita o protagonismo político de mulheres”. Segundo ela, a “situação grave de violência política de gênero” dentro do partido preocupou o grupo, que decidiu deixar a sigla.
“Quando a divergência vira violência e passa por um olhar conivente de toda uma casta de Dirigentes Partidários que minimizam uma situação grave de violência política de gênero é sinal que este lugar não é seguro para nós”, escreveu Marklize, ao relembrar o caso da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em 2018.
O Movimenta Amazônia Socialista alega que “grupos internos” do Psol não aceitaram a ascensão do grupo na sigla. “Acessar e ter maioria no diretório municipal de Manaus e quase obter a maioria do diretório estadual preocupou e irritou muita gente. Poderíamos dizer, muitos homens héteros e cisgêneros”, diz trecho de nota divulgada nas redes sociais.
“De repente, ao invés de se preocupar com a necessária derrocada do governo genocida de Jair Bolsonaro, os grupos estavam preocupados – e visivelmente contrariados – com os avanços políticos do MAS, com a Bancada das Manas e com a projeção de Marklize Siqueira como figura pública respeitada na cena política”, diz outro trecho da nota.
O secretário-geral do partido, Raoni Lopes, nega que tenha havido ataques às minorias. “Eu lamento a saída deles todos. Não sei são 300 filiados mesmo, nem todos participava ativamente do partido. Discordo da imagem que eles desenharam sobre o partido. Nenhum instante houve perseguição a ninguém”, disse Lopes.
“O partido tem sua maioria feminina com a presença de pessoas negras e LGBTs. Isso veio diante de um debate sério sobre participação na política. Não há nenhuma denuncia nas instância de controle em relação a opressão ou violência. E eles não aceitam os tramites das instâncias”, completou Raoni.
Para Lopes, o grupo ligado a Marklize ficou isolado dentro do partido. “É difícil de aceitar a ideia que deveríamos abrir mão das nossas candidaturas a favor de uma ex-senadora. Queremos contribuir nacionalmente com a votação para superar a clausura de barreira”, afirmou o secretário-geral.
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